Zuleica, desligada, mesa posta, já comida, sua nudez em pão de cada dia. Nas havaianas, um belo pé sem chulé. Corre linda, sala vazia, o quintal lavado, a louça brilha. Riso fácil, coxas largas, o tesão escondido do pedaço.
João no portão, vindo do trabalho, e Zuleica uma bela e rebolante bunda que passa.
- Oi Jão, tudo bão? - passinho rápido, sorriso farto. Olhar pra João, tesão, olhar pro chão. E foge a sádica.
Gostosa, sempre decotada, pelada, na cama, chuveiro, mercearia, quitanda, no padeiro. Vai pela calçada, são anos os seus passos.Cabelinho curto, rosto redondo, é a nossa simpática vizinha do lado...
O totó vem latindo excitado, e a Zuleica inclina-se, lambidas, lambidas, ela não nega o afago. Êta totó felizardo! Mas não entra não, pernão. Vamos fingir de olhar as crianças brincando de esconde-esconde na rua. No bate-cara, a gente se olha. O molequinho correndo, aproveito, corro com ele e paro o olho em você, que parava em mim, quando o pirralho ainda saia do pique.
Hora boa, às cinco da tarde bate forte no João.
Corre pro portão! Cadê Zuleica?
Lá está!
Mas disfarce...
Varra a calçada, lave a bicicleta, vá comprar leite no bar da esquina!
Ela olha tudo. Será que sabe? Perigo, João!
Dá até vergonha de falar oi. Mas bem que pulava o muro! Falta é coragem, ser muito louco, suicida.
Então vamos, canalha! Arrisque, pule!
E depois das seis, quando ela já entrou para fazer a janta, João resolve pular até o banheiro. Porta fechada, derramado no chão frio, maníaco a esfolar o sexo entre a privada e a pia:
Zuleica na cama, de pernas abertas, no chuveiro brincando com o esguicho, azulejo molhado, na sala, arrancando a roupa, pulando numa perna só, imitando sapo, a perereca ligada. João por cima, de lado, atrás, por baixo, todo um peso em pele, o teto envesgando, ofegante, relincha, apita, morde o pé do sofá, esperneia. E Zuleica espirra alto, farta, vai longe o pingo que alcança o olho.
João acaba morto, fica rendido: o suor das costas no piso frígido do banheiro. Fim da batalha. Vai abrindo os olhos devagar, e logo reconhece, no lodo preto do chuveiro e no cheiro típico de banheiro, a sua realidade.
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