Friday, January 20, 2023

Um pouco sobre meus antepassados paternos

Uma coisa muito interessante de todo o processo de reconhecimento de uma cidadania, baseada em nossos antepassados, é poder visitar a história e saber exatamente onde nasceram, com quem se casaram e quais filhos tiveram e outras inúmeras curiosidades históricas.

Estou aqui me divertindo em saber que meu bisavô, Francesco, nasceu em 1878, provavelmente na zona rural, na minúscula comuna (município) de Saletto, na província de Pádua, na Itália, e que veio para o Brasil com 11 anos de idade, tendo desembargado do navio Julio Maxio, no Rio de Janeiro, dias depois da proclamação da república brasileira.

No Brasil ele era pedreiro e se casou com minha bisavó, Eugênia Mognolo, em 1901, em Ribeirão Preto, aos 23 anos, sendo que ela tinha somente 15. As duas testemunhas de seu casamento eram dois homens nascidos na Itália. Um era comerciante e o outro era colono, ambos residentes em Ribeirão Preto.

Meu avô sempre me dizia que havia nascido no centro de Ribeirão Preto, na Rua Prudente de Morais, e eu sempre imaginava que fosse em uma região que hoje é mais abastada. Mas não é. Ele nasceu no número 135, na esquina com a Rua Saldanha Marinho, numa parte da Rua Prudente de Morais que já é mais próxima da rodoviária, e que talvez sempre tenha sido pouco favorecida e pobre. Meu avô nasceu na baixada e não na região alta do centro da cidade. 

E não há surpresa alguma em se constatar isso, porque sei muito bem que os meus antepassados foram pobres e alguns até miseráveis.

O próprio Ribeirão Preto (o córrego que dá nome à cidade) se situava a pouco mais de 100 metros da casa em que meu avô possivelmente passou a infância. E ele me falou várias vezes que frequentava esse córrego, que a água era cristalina, límpida, que brincava muito por lá e que nadavam nesse córrego. 

O Ribeirão Preto fazia parte do lazer de meu avô na infância. Talvez ele tenha inclusive apreendido a nadar lá.

Ele nasceu 14 anos depois que seu pai se casou. Meu bisavô teve 7 filhos. Meu avô era o segundo filho mais jovem. Mais jovem que ele somente minha tia avó Mafalda, que tinha os olhos azuis, assim como minha filha, que seria muito parecida com Mafalda, segundo minha tia Olívia, uma das irmãs de meu pai.

E sobre minha avó, Olívia Roma Facioli, uma curiosidade: sua mãe, que eu conheci, porque faleceu com mais de 91 anos de idade (em 1979), se chamava Rita, Rita Soffo. Nasceu em 1887, em território pertencente ao Império Austro-Húngaro. Mas na fronteira com a Itália, na cidade de Gorizia, que depois da Segunda Guerra Mundial passou a pertencer à Itália.

Esta sempre foi uma região multiétnica, e quem nascia por ali devia falar tranquilamente o alemão, o italiano e mais outras línguas. Então Rita sempre se classificou como austríaca de nascimento, porque veio para o Brasil em 1888, com apenas cinco meses de idade. 

Creio inclusive que originalmente seu nome nem fosse Soffo, porque minha avó sempre falava em Soff e não em Soffo.

Sendo que Soff possivelmente gera Zoff na parte italiana.

E vendo a certidão de nascimento do meu bisavô, percebe-se que não era Facioli e sim Facciolo.

A questão é que quando desembarcavam, as autoridades brasileiras perguntavam quem era quem, e muito provavelmente meus antepassados falavam que eram vários Facioli, que é o plural de Facciolo, e assim acabou ficando Facioli.

Então Facciolo, de modo geral, no Brasil, se transformou em Facioli. Migrando para outras regiões da Europa, como França e Bélgica, há possivelmente até mesmo os Fasciou (ou algum sobrenome com grafia semelhante), como muito bem me relatou certa vez um amigo belga.

A investigação de minhas raízes maternas é bem mais difícil. Minha mãe diz que seu pai era baiano. Ele porém faleceu por volta de 1955, precocemente, com menos de 40 anos de idade, ao cair do ônibus, de volta do trabalho, há duas quadras de sua casa. Sendo que a família de minha mãe era muito mais pobre que a de meu pai, fazendo com que a busca por essa árvore genealógica seja bem mais complicada.

Navegar pela história é sempre algo envolvente, ainda mais quando envolve nossa própria biografia.

Thursday, January 12, 2023

Nonsense para crianças

Nos últimos dias estive com minha filha e dois de seus primos, um com 7 anos e a outra com 10. Aproveitei para introduzir-lhes um pouco nas artes do nonsense.

- Na escola a gente teve oficina de culinária e fizemos picolé de chocolate. Eu adoro picolé de chocolate! - disse um deles.

- O picolé de barro é uma delícia! E também gosto muito do de mandruvá - acrescentei.

- Picolé de barro?

- Sim, uma diliça. E quando você faz cocô sai uns tijolinhos prontinhos. Dá até para fazer uma casinha. 

Aí entrou um deles, se deleitando com um picolé, cujo sabor era chiclete.  

- Olha, mais gostoso do que o sabor chiclete é o picolé de pneu - ressaltei.

- Ah, você tá zoando, tio!

- E só tem um problema com o sabor pneu. Sabe qual é?

- Qual?

- Quando o pneu tá furado!