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Monday, February 14, 2022

Para introduzir Pink Floyd

Apresentei Pink Floyd para minha filha. Tem que começar de leve, por onde todo mundo começa, com Another Brick in the Wall parte 2 (1979).

- Gostei, pai!

- Então a gente vai ouvir isso no carro, voltando da escola (tudo a ver com Another Brick parte 2).

- Ok!

E eu sou brasileiro e não desisto nunca. Um dia ela ouvirá comigo os 23 minutos todinhos de Atom Heart Mother (1970).

Saturday, November 18, 2017

Tive hoje um momento 14 Bis!

Acho que alguém só sabe nadar, de verdade, quando já sabe boiar. E Luisa hoje, em um momento de inspiração, se jogou na água, de costas, na posição de quem sai nadando, ou boiando, e enquanto assim vazia, batendo as perninhas, foi tirando minhas mãos de suas costinhas, pedindo para que eu tirasse as mãos dela, e saiu sozinha nadando, boiando de costas. 

Foi por uma distância curta, mas foi o suficiente para que eu tivesse o sentimento de que hoje eu tive um momento 14 Bis!

Lições de anatomia

- Pai, qual é o nome de onde sai o cocô?

- Bumbum.

- Não, pai, eu quero saber o nome de lá de dentro do bumbum, do buraquinho de onde sai o cocô...

Thursday, October 19, 2017

Quando dar limites não é um ato de amor

O amor se refere, em boa medida, a estar junto, a fazer companhia, de modo constante, tranquilo, a fazer com que o outro se sinta seguro ao nosso lado.

Muitas pessoas fazem objecções a isso, ao dizerem que a firmeza também está relacionada ao amor. Sim, é importante que muitas vezes sejamos firmes quanto aos limites, porém ser firme não é ser duro. Ser firme não é abandonar aquele que ainda não compreende o que está acontecendo. 

Ser firme é estabelecer limites, mas continuar junto, continuar por perto, continuar presente e acessível. É estabelecer limites, porém com o apontamento de alternativas. É estabelecer limites, mas não se fechar para a escuta, para o acolhimento do sofrimento de quem ainda não se adaptou totalmente aos limites que foram impostos.

Há muita confusão da imposição de limites com inflexibilidade, crueldade ou desamor. Muitas pessoas justificam sua crueldade, comodismo ou desamor, dizendo que estão sendo justas ou impondo limites.

Tuesday, October 17, 2017

Desobediência civil

 - Hoje teve brinquedoteca, filha?, perguntou a mãe.

- Não.

- Por quê?

- A gente não comportamos. A gente dobedece a professora...

Tuesday, November 08, 2016

Olho azul

Duas crianças aqui no condomínio onde moro fizeram comentários engraçados (ou até um pouco tristes, talvez) sobre a cor dos olhos de minha filha:

- Eu tenho inveja dela - disse um menino de 8 anos de idade.
- Nossa, por quê?

- Porque ela tem o olho azul. Tomara que mude...

- Eu queria ser ela - disse o outro, de 6 anos de idade.

- Como assim? Por que você queria ser ela?

- Ah, eu queria ter o olho azul. Eu nunca tive olho azul...

Maiêutica com crianças

A maiêutica é uma técnica fecunda, poderosa para a produção de conhecimento, e também muito divertida. Isso é facilmente observável na interação com crianças.

Ontem eu estava no parquinho do condomínio, com minha filha, e três crianças dialogavam como se fossem adultas: duas com 6 anos e outra com 9 anos de idade.

- Passou agora no Jornal Nacional: o Estado Islâmico invadiu duas cidades - dizia o menino de 6 anos.

- E quais cidades o Estado Islâmico invadiu? - perguntei.

- Invadiu duas cidades dos Estados Unidos.

- O que é o Estado Islâmico?

- Eles são terroristas!

- O que é terrorista?

- É gente que mata as pessoas.

Como fiz muitas, e outras perguntas além dessas poucas que transcrevo aqui, como se eu não soubesse absolutamente nada a respeito do que eles estavam conversando, o de 9 anos me indagou:

- Poxa, tio! Você não sabe nada!

Jogou um chinelo no chão e me perguntou o que era aquilo, e eu prontamente respondi que era um chinelo:

- Pô, pelo menos isso você sabe né, tio... Pelo amor de Deus!

- E por que o nome é Estado Islâmico? Se eles são terroristas e matam pessoas, o nome teria que ser Estado Matador, não?

Ficaram um tempo meio atônitos, sem conseguir me responder. O mais velho continuava intrigado com minha aparente ignorância:

- Poxa, tio, você faz cada pergunta...

Até que o menino de 6 anos teve um brilhante insight:


- É islâminico, tio, por causa de lâmina. Eles cortam as pessoas!

Saturday, August 20, 2016

Dando o sangue na criação dos filhos

Minha esposa foi fazer exame de sangue. E minha filha está numa fase de extrema curiosidade. Porém, infelizmente, Lilian estava com pressa e não pudemos ir juntos. Luisa ficou comigo, querendo saber o que sua mãe tinha ido fazer. Eram tantas, mas tantas perguntas, que começamos vendo um monte de coisas na internet sobre sangue, como é, o que é, pra que serve, que está presente em todos os vertebrados...

Ela nunca viu sangue, ao vivo. Já foi picada para coleta de sangue porém, como faz tempo, não se lembra mais disso. Então, como sua curiosidade não acabava, esterilizei bem as minhas mãos e as dela, assim como o alfinete, com o qual tentei me furar, na frente dela.

Mas fiquei com preguiça de fazer isso, de furar-me. Então segurei sua mãozinha e deixei que ela mesma tentasse fazer o serviço, picando minha mão onde quisesse. Ela perguntou se faria dodói. Eu lhe disse que era um dodói bem pequeno. Não escondi que não haveria dodói, e ela não conseguiu me furar ao ponto de tirar sangue. Um dia ela consegue e, em algum outro dia, com menos pressa, presenciará o papai ou mamãe sendo picados no laboratório, antes que ela mesma seja um dia picada dessa maneira.

Thursday, August 04, 2016

Linda rosa juvenil

Isso ocorreu há mais de dois meses. Um menininho, com cerca de 4 anos de idade, estava em um balanço no parquinho, brincando perto de minha filha, e ele cantava assim:

"A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil,
A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil! ..."

Ele cantava a canção todinha. E dias depois pego minha filha cantando assim:

"A linda rosa do vovô Nil, vovô Nil,vovô Nil,vovô Nil!!"

É que o avô materno de minha filha, meu sogro, se chama Juvenil...

Saturday, September 05, 2015

Bebês e crianças pequenas são a coisa mais linda e mais previsível do mundo. É sempre a mesma coisa: estão sempre nos surpreendendo!

Saturday, August 08, 2015

Poesia bruta

Cada criança tem as suas peculiaridades hilárias e até mesmo poéticas, de uma poeticidade espontânea, acidental, em estado bruto.

Luisa, quando se machuca, quando alguma coisa a fere ao ponto dela chorar intensamente, logo aponta para o banheiro porque quer se olhar no espelho enquanto chora. Ela fica observando e "brincando", explorando suas próprias expressões enquanto chora.

Pois é, como disse uma vez Fernando Pessoa: o poeta é um fingidor que finge que é dor a dor que deveras [que realmente] sente.

Dessensibilização progressiva

Eu e minha filha assistimos novamente àquela cena de Tom e Jerry na qual Jerry se despede de um leão amigo, com um navio que vai partindo, até desaparecer no horizonte. Jerry acena com um lencinho, com algumas poucas lágrimas a escorrer de seu rosto.

Para a minha surpresa ela reconheceu o que estava sendo representado, e apontou para a tela, chorando, se emocionando sofrida e verdadeiramente com a cena.

Assistimos então a esse episódio pela segunda vez e o efeito foi mais ameno. Sua boquinha se entortou em expressão de choro, com os lábios tremendo e os olhinhos marejados. Mas não chorou. Aguentou firme. 

É, a gente vai se acostumando com algumas durezas da vida...

Inteligência humana

Aquele serzinho, que está há um ano e meio nesse mundo, fala uma ou outra palavrinha isolada, mas compreende um monte de coisas das quais você não tem a menor ideia de que ele seja capaz.

Estávamos uma vez, há mais de um mês, eu e minha filha, assistindo ao Tom e Jerry. Era a primeira vez que ela assistia a esse desenho. Um grande leão havia fugido do circo, e se abrigado na casa de Tom e Jerry, se tornando um grande amigo do rato. No final Jerry inclusive o auxilia a pegar um navio de volta à África, onde voltaria a ser livre.

Quando o navio está partindo, Jerry se despede, acenando com um lencinho na mão, em lágrimas. Minha filha aponta para a tela e chora junto, com um choro verdadeiro e sofrido, com lágrimas. Acho que essa foi a primeira produção cinematográfica que a embalou, a envolveu, com a qual ela se emocionou junto.

E ninguém havia explicado a ela que o leão estava indo embora, que aquilo era uma despedida. Claro, ela detesta despedidas. A palavra que não deve ser dita aqui em casa é “tchau”, principalmente se você estiver andando em direção à porta de saída. Mas ela foi capaz de generalizar os gestos para uma representação pictórica bem específica. Para isso muitas crianças da sua idade são capazes, e é exatamente disso que nós nos esquecemos.

Nunca calibramos muito bem. Civilizações antigas, crianças e animais não-humanos: quando pensamos nessas três categorias sempre tendemos a errar em nossas estimativas. 

Os antigos são sempre subestimados, e há até teorias conspiratórias a afirmar que não fizeram o que fizeram de grandioso – seria obra de extraterrestres. Crianças e animais que não amamos também são subestimados. Com amor na jogada a estimativa costuma se inverter.

E também, há poucos dias, a televisão estava ligada em algum noticiário esportivo. Ao observar a cena de um jogador fazendo um gol, levantando os braços e comemorando, ela também levantou os braços, saiu comemorando e, para botar uma cereja no bolo, gritando gol. E olha que aqui em casa ninguém comemora gol, ninguém se liga muito em futebol pela televisão, pois sempre preferi jogar a assistir.

Isso tudo é muito divertido...