Saturday, December 31, 2011

A questão da dignidade humana e do direito de morrer


Novamente estamos tocando em questões de bioética. O suicídio é condenável se provoca males maiores do que evita. Se o suicida, com seu ato consumado, deixa em sofrimento extremo a pessoa ou o grupo de pessoas as quais dependiam dele; e se isso provoca um sofrimento maior do que seu próprio sofrimento enquanto vivo, então é um ato moralmente condenável. Agindo assim, em termos sociais e do bem de todos, o suicida está agindo errado e provocando muitos males em tese evitáveis. Por outro lado, se não há dignidade, se o grupo social no qual o sujeito está inserido não é capaz de lidar ou amenizar seu sofrimento extremo; se o que impera é um sentido absurdo de solidão e isolamento, sem qualquer possibilidade de amparo social à sua dor, logo fica assim justificado moralmente seu direito de morrer:

“Se a aliança que une o homem à sociedade for considerada, será óbvio que cada contrato é condicional, deve ser recíproco, isto é, supõe vantagens mútuas entre as partes contratantes. O cidadão não pode ser ligado ao seu país, aos seus associados, mas pelos laços de felicidade. Se estes laços são cortados em pedaços, a este homem deve ser restabelecida a liberdade. 

A sociedade, ou aqueles que representá-lo, ao usá-lo com severidade, ao tratá-lo com injustiça, não tornam assim a sua existência dolorosa? A melancolia e o desespero lhe roubam o espetáculo do universo? Em suma, por qualquer razão que seja, se ele não é capaz de suportar seus males, deixe-o sair de um mundo que para ele é somente um deserto terrível.” (D'Holbach 1970, 136-137)

Esta questão está intimamente ligada a outros textos já postados aqui, principalmente àqueles relacionados à eutanásia, sofrimento e sentido da vida.

Referências

D'Holbach, Baron. The System of Nature, or Laws of the Moral and Physical World, Volume 1, Robinson (trans.), New York: Burt Franklin, 1970.

Saturday, December 17, 2011

A ética do vegetarianismo

Na diminuição do consumo de carne é possível encontrar uma forma mais ética de alimentação, pois tal alternativa:

1. É mais ecológica: um quilo de proteína vegetal consome muitas vezes menos energia, água e área.

2. É mais econômica. É mais barato, o que por si só justifica uma produção maior de alimentos com os mesmos recursos, logo capacidade para alimentar um número muito maior de pessoas.

3. É mais humana. Não diz respeito necessariamente a manter este ou aquele animal vivo, mas tem como questão fundamental o proposito de se eliminar sofrimentos evitáveis. As formas atuais de criação e abate ainda impõem muito sofrimento aos animais dos quais nos alimentamos.

4. Fora também as várias evidências de que é mais saudável.

Por outro lado, argumentos tais como: “não como nada que tenha de ser morto”, ou que já foi vivo; ou, como diz a Xuxa: “não como nada que tenha rostinho”- são de fato ridículos. Quem for vegetariano por essas razões merece piada e está obviamente equivocado. Isso, contudo, não invalida os argumentos filosóficos que sustentam a prática do vegetarianismo.


Importante: Deve-se fazer, contudo, as devidas ressalvas em relação à ingestão de vitamina B12, a qual depende fundamentalmente de origem animal e é importantíssima em termos nutricionais.  O vegetariano estrito, o qual não ingere qualquer tipo de alimento de origem animal (nem mesmo ovos, leites e derivados), deve portanto atentar para a suplementação desta vitamina, cuja falta pode acarretar danos sérios e irreversíveis à saúde.


Alguns links com referências interessantes para este debate:
           



                        Peter Singer - referência filosófica importante para este tema




Friday, December 09, 2011

Brasília é uma cidade triste



Brasília é uma cidade triste: ninguém costuma aparecer para ajudar a empurrar um carro velho ou com problemas pra pegar. 

Geralmente tem de se implorar por ajuda, a qual costuma vir com contragosto e cara feia. Na maior parte do Brasil é diferente: junta um povaréu a empurrar seu carro, e uma alegria e festa bonita quando o bichinho pega... 

Que pena, Brasília, que pena...