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Tuesday, September 17, 2019

A dualidade biologia/cultura, em Harari

Alguns trechos de "Sapiens", de Yuval Harari, os quais tocam especificamente na dualidade biologia/cultura e que o autor parece pender mais para a relevância das determinações socioculturais. Interessante:

"A maioria dos mamíferos sai do útero como cerâmica vidrada saindo de um forno – qualquer tentativa de moldá-los novamente apenas irá rachá-los ou quebrá-los. Os humanos saem do útero como vidro derretido saindo de uma fornalha. Podem ser retorcidos, esticados emoldados com surpreendente liberdade. É por isso que hoje podemos educar nossos filhos para serem cristãos ou budistas, capitalistas ou socialistas, belicosos ou pacifistas."

"Em consequência, a fim de entender como os sapiens se comportam,devemos descrever a evolução histórica de suas ações. Considerar apenas nossos limites biológicos seria como um locutor esportivo que, ao transmitir uma partida da Copa do Mundo, oferecesse aos ouvintes uma descrição detalhada do campo, em vez de relatar o que os jogadores estão fazendo."

"Os debates acalorados sobre o “estilo de vida natural” do Homo sapiens perdem de vista a questão principal. Desde a Revolução Cognitiva, não existe um único estilo de vida natural para os sapiens. Há apenas escolhas culturais, dentro de um conjunto assombroso de possibilidades."

O texto envolvente de Harari

Yuval Harari não produziu nenhum conhecimento novo com seus livros. Mas escreve muito bem, e consegue começar um livro de modo muito impactante. É uma leitura envolvente, que flui. Estou ainda bem no início de "Homo Deus":

"Cenas semelhantes ocorriam por toda a França. Temperaturas ruins haviam arruinado as colheitas em todo o reino nos dois anos anteriores, de modo que, na primavera de 1694, os celeiros estavam completamente vazios. Os ricos cobravam preços exorbitantes por qualquer alimento que conseguissem acumular, e os pobres morriam em massa. Aproximadamente 2,8 milhões de franceses — 15% da população — morreram de fome entre 1692 e 1694, enquanto o Rei Sol, Luís XIV, flertava com sua amante em Versalhes. No ano seguinte, 1695, a fome assolou a Estônia e matou um quinto da população. Em 1696 foi a vez da Finlândia, onde entre um quarto e um terço da população morreu. A Escócia sofreu sob uma fome rigorosa entre 1695 e 1698, e alguns distritos perderam até 20% de seus habitantes."

Yuval Harari, meio Black Mirror, em Homo Deus

"Sally Adee, uma jornalista da New Scientist, teve permissão para visitar uma instalação de treinamento de atiradores de elite e verificar os efeitos em si mesma. Primeiro, ela entrou em um simulador de campo de batalha sem usar o capacete transcraniano. Sally descreve como o medo a invadiu quando viu vinte homens mascarados usando cinturões com bombas suicidas e armados com fuzis avançando em sua direção.

“Para cada um que consigo matar com um tiro”, escreve Sally, “mais três atacantes aparecem do nada. Certamente não estou atirando com rapidez suficiente, e o pânico e a incompetência fazem com que eu trave minha arma continuamente.” Felizmente para ela, os atacantes eram apenas imagens de vídeo, projetadas em gigantescas telas em torno dela. Ainda assim, ela ficou tão desapontada com seu fraco desempenho que preferiu largar o fuzil e sair do simulador.

Depois disso, Sally foi conectada ao capacete. Ela relata que não sentiu nada fora do comum, exceto um leve formigamento e um estranho gosto metálico na boca. Mas começou a acertar os terroristas um por um, fria e metodicamente, como se fosse Rambo ou Clint Eastwood.

“Quando vinte deles correram para mim brandindo suas armas, eu calmamente apontei meu fuzil, fiz uma pausa para respirar profundamente e acertei o que estava mais próximo, antes de apontar para o alvo seguinte com tranquilidade. Não senti o tempo passar e de repente ouvi uma voz dizendo: ‘Bem, acabou’. As luzes se acenderam no simulador…

Naquele súbito silêncio entre os corpos que me cercavam, eu estava à espera de mais atacantes, e fico um pouco desapontada quando a equipe começa a remover meus eletrodos. Olho para cima e me pergunto se alguém adiantou o relógio. Inexplicavelmente, haviam se passado vinte minutos. ‘Quantos eu peguei?’, pergunto à assistente. Ela olha para mim zombeteiramente. ‘Todos eles.’”

O experimento mudou a vida de Sally. Nos dias seguintes ela se deu conta de que tinha passado por uma “experiência quase espiritual… o que definia a experiência não era ter se sentido mais esperta ou ter aprendido mais depressa: o que fez o chão sumir foi que, pela primeira vez na minha vida, tudo o que havia na minha cabeça finalmente silenciou… Meu cérebro livre de inseguranças e dúvidas foi uma revelação. De repente houve aquele silêncio incrível… Espero que você consiga me entender quando eu lhe disser que o que eu mais quis nas semanas seguintes à minha experiência foi voltar para lá e conectar-me àqueles eletrodos.""

(...)

"Em 2016, os estimuladores transcranianos ainda estão nos primórdios, e não está claro se e quando irão tornar-se uma tecnologia amadurecida. Até o momento eles incrementam aptidões por breves períodos, e os vinte minutos de experiência de Sally Adee podem ser considerados excepcionais (talvez até mesmo o resultado do famoso efeito placebo). A maioria dos estudos publicados sobre estimuladores transcranianos baseia-se em amostras muito pequenas de pessoas que os operam em circunstâncias especiais, e os efeitos e riscos de longo prazo são totalmente desconhecidos. No entanto, se a tecnologia amadurecer, ou se for descoberto algum outro método de manipulação dos padrões elétricos do cérebro, como isso vai afetar as sociedades humanas e os seres humanos?

As pessoas poderiam muito bem manipular seus circuitos elétricos cerebrais não só para atirar em terroristas, mas também para alcançar objetivos mais mundanos e liberais, como estudar e trabalhar com mais eficácia, aproveitar jogos e hobbies e ser capaz de se concentrar no que interessa em cada momento, seja matemática ou futebol. Contudo, se e quando essa manipulação se tornar rotineira, o suposto livre-arbítrio pode tornar-se só mais um produto que se pode comprar. Você quer dominar o piano, mas toda vez que chega a hora de praticar você quer na verdade assistir televisão? Sem problema: apenas ponha o capacete, instale o software adequado, e logo estará doido para tocar piano."

Yuval Harari em um trecho meio comunista, em "Sapiens"

"A maioria das pessoas afirma que sua hierarquia social é natural e justa, enquanto as de outras sociedades são baseadas em critérios falsos e ridículos. Os ocidentais modernos são ensinados a desprezar a ideia de hierarquia racial. Eles ficam chocados com as leis que proíbem os negros de viver em bairros de brancos, ou estudar em escolas de brancos, ou ser tratados em hospitais de brancos. Mas a hierarquia de ricos e pobres, que autoriza os ricos a viver em bairros distintos e mais luxuosos, estudar em escolas distintas e de mais prestígio e receber tratamento médico em instalações distintas e bem equipadas, parece perfeitamente sensata para muitos norte-americanos e europeus. Mas é um fato comprovado que a maior parte dos ricos são ricos pelo simples motivo de terem nascido em uma família rica, enquanto a maior parte dos pobres continuarão pobres no decorrer da vida simplesmente por terem nascido em uma família pobre."

Harari: sobre nossa dieta e nossa relação com os animais

Abaixo, em “Sapiens”, de Yuval Harari, uma amostra de como é predominantemente nossa relação com os animais dos quais nos alimentamos:

“Infelizmente, a perspectiva evolutiva é um parâmetro de sucesso relativo. Julga tudo segundo os critérios de sobrevivência e reprodução, sem considerar o sofrimento e a felicidade individuais. As galinhas e as vacas domesticadas podem ser uma história de sucesso evolutivo, mas também estão entre as criaturas mais miseráveis que já existiram. A domesticação de animais se baseou em uma série de práticas brutais que só se tornaram cada vez mais cruéis com o passar dos séculos.

A expectativa de vida natural de galinhas selvagens é de 7 a 12 anos, e de bovinos é de 20 a 25 anos. Na natureza, a maioria das galinhas e das vacas morria muito antes disso, mas ainda tinha uma boa chance de viver por um número respeitável de anos. Já a grande maioria das galinhas e vacas domesticadas é abatida com algumas semanas ou no máximo alguns meses de vida, porque essa sempre foi a idade ideal para abatê-las de uma perspectiva econômica. (Por que continuar alimentando um galo por três anos se ele já chegou a seu peso máximo depois de três meses?)

Galinhas chocadeiras, vacas leiteiras e animais de carga às vezes têm a chance de viver por muitos anos. Mas o preço é a sujeição a um estilo de vida completamente alheio a suas necessidades e desejos. É razoável supor, por exemplo, que os bois preferem passar seus dias vagando por pradarias abertas na companhia de outros bois e vacas do que puxando carroças e arados sob o jugo de um primata com chicote.

A fim de transformar bois, cavalos, jumentos e camelos em animais de carga obedientes, seus instintos naturais e laços sociais tiveram de ser destruídos, sua agressão e sexualidade, contidas e sua liberdade de movimento, restringida. Os criadores desenvolveram técnicas como trancar animais em jaulas e currais, contê-los com rédeas e arreios, treiná-los com chicotes e aguilhadas e mutilá-los. O processo de domesticar quase sempre envolve a castração dos machos. Isso restringe sua agressividade e permite que os humanos controlem seletivamente a procriação do rebanho.

Em muitas sociedades da Nova Guiné, a riqueza de uma pessoa é tradicionalmente determinada pelo número de porcos que ela possui. Para garantir que os porcos não fujam, os criadores no norte da Nova Guiné cortam um pedaço do focinho do animal. Isso causa dor intensa sempre que o porco tenta cheirar. Como os porcos não conseguem encontrar comida ou mesmo se orientar no espaço sem cheirar, essa mutilação os torna completamente dependentes de seus proprietários humanos. Em outra região da Nova Guiné, é costume arrancar os olhos dos porcos, para que eles não possam nem mesmo ver para onde estão indo.

A indústria de laticínios tem suas próprias maneiras de forçar os animais a fazerem sua vontade. Vacas, cabras e ovelhas produzem leite só depois de parir bezerros, cabritos e cordeiros e apenas enquanto seus filhotes mamam. Para ter uma oferta contínua de leite animal, um fazendeiro precisa ter bezerros, cabritos ou cordeiros para amamentar, mas deve impedi-los de monopolizar o leite. Um método comum ao longo da história foi simplesmente abater os filhotes logo após o nascimento, extrair todo o leite da mãe e então fazer que ela fique prenha novamente. Essa é, ainda hoje, uma técnica muito usual.

Em várias fazendas de laticínios modernas, uma vaca leiteira vive cerca de cinco anos antes de ser abatida. Durante esses cinco anos, ela está prenha constantemente e é fertilizada entre 60 e 120 dias depois de parir, a fim de preservar a máxima produção de leite. Seus bezerros são separados dela logo após o nascimento. As fêmeas são criadas para se tornar a próxima geração de vacas leiteiras, ao passo que os machos são entregues aos cuidados da indústria da carne.

Outro método é manter os bezerros e os cabritos perto da mãe, mas evitar, por meio de vários estratagemas, que eles suguem muito leite. A maneira mais simples de fazer isso é permitir que o filhote comece a mamar, mas afastá-lo assim que o leite começa a fluir. Esse método geralmente encontra resistência do filhote e da mãe. Algumas tribos de pastores costumavam matar o filhote, comer sua carne e empalhá-lo. O filhote empalhado era então presenteado à mãe para que sua presença encorajasse a produção de leite. A tribo dos núeres, no Sudão, chegava ao ponto de espalhar urina da mãe nos animais empalhados, para que tivessem um odor vivo e familiar.

Outra técnica dos núeres era atar uma coroa de espinhos ao redor da boca do bezerro, para que ele furasse a mãe e fizesse com que ela resistisse à amamentação. Os tuaregues, povo criador de camelos no deserto do Saara, costumavam perfurar ou cortar partes do focinho e do lábio superior de filhotes de camelo para tornar a alimentação dolorosa, evitando, assim, que consumissem muito leite.

Um bezerro em uma fazenda industrial. Imediatamente após o nascimento, o bezerro é separado da mãe e trancado em uma jaula minúscula, não muito maior do que seu próprio corpo. Lá, o bezerro passa o resto da vida – em média, cerca de quatro meses. Nunca sai da jaula, nem pode brincar com outros bezerros ou mesmo caminhar, de modo que seus músculos não se desenvolvem. Músculos fracos significam uma carne macia e suculenta. A primeira vez que o bezerro tem uma chance de caminhar, esticar os músculos e tocar outros bezerros é a caminho do matadouro. Em termos evolutivos, o boi representa uma das espécies de animal mais prósperas que já existiram. Ao mesmo tempo, está entre os animais mais sofridos do planeta.”

Sobre eventos inesperados da história, em "Sapiens", de Yuval Harari:

"É uma regra implacável da história que o que parece inevitável em retrospectiva está longe de ter sido óbvio na época. Hoje não é diferente. Saímos da crise econômica global ou o pior ainda está por vir? A China continuará crescendo até se tornar a principal superpotência? Os Estados Unidos perderão sua hegemonia? O aumento do fundamentalismo monoteísta é a onda do futuro ou um redemoinho local de pouca importância no longo prazo? Estamos caminhando para um desastre ecológico ou para um paraíso tecnológico? Bons argumentos podem ser apresentados para corroborar qualquer um desses desfechos, mas não há como saber com certeza. Em algumas décadas, as pessoas vão olhar para trás e pensar que as respostas para todas essas perguntas eram óbvias.

É particularmente importante enfatizar que possibilidades que parecem muito improváveis para os contemporâneos muitas vezes se concretizam. Quando Constantino assumiu o trono, em 306, o cristianismo não passava de uma seita oriental esotérica. Se alguém sugerisse que ele viria a ser a religião oficial de Roma, seria expulso da sala às gargalhadas, da mesma forma que aconteceria hoje com alguém que sugerisse que, por volta de 2050, Hare Krishna será a religião oficial dos Estados Unidos. Em outubro de 1913, os bolcheviques eram uma pequena facção radical russa. Nenhuma pessoa racional teria previsto que, em apenas quatro anos, eles dominariam o país. Em 600, a noção de que um bando de árabes que habitavam o deserto logo conquistaria uma extensa faixa do oceano Atlântico até a Índia era ainda mais absurda. De fato, se o exército bizantino tivesse conseguido evitar o ataque inicial, o islamismo provavelmente continuaria sendo um culto obscuro, conhecido apenas por um punhado de iniciados. Os estudiosos teriam, então, a tarefa muito fácil de explicar por que uma fé baseada em uma revelação feita a um mercador de meia-idade de Meca nunca poderia ir para a frente.

Isso não quer dizer que tudo é possível. Forças geográficas, biológicas e econômicas criam restrições. Mas, ainda assim, essas restrições deixam muito espaço para desdobramentos inesperados, que não parecem ter ligação com qualquer lei determinista."

Harari: sobre a qualidade de vida durante a história

É comum, inclusive por alguns pesquisadores, a afirmação de que a qualidade de vida da humanidade nunca foi tão alta como atualmente. Sinto, porém, que talvez esse tema ainda seja alvo de algumas controvérsias, inclusive no meio científico. E claro que tudo isso deve ser contemplado sem idealizações, porque há também o lado sombrio, cruel e violento da vida do homem paleolítico, o qual também deve-se levar em conta. Então, vejam só o que diz Yuval Harari, em Sapiens:

“Enquanto as pessoas nas sociedades afluentes de hoje trabalham, em média, de 40 a 45 horas por semana, e as pessoas nos países em desenvolvimento trabalham 60 ou mesmo 80 horas por semana, os caçadores-coletores que hoje vivem nos habitats mais inóspitos – como o deserto de Kalahari – trabalham, em média, apenas 35-45 horas por semana. Eles caçam apenas uma vez a cada três dias, e a coleta leva não mais do que de três a seis horas diárias. Em épocas normais, isso é suficiente para alimentar o bando. É bem possível que os antigos caçadores-coletores vivendo em zonas mais férteis do que o Kalahari gastassem ainda menos tempo obtendo alimento e matérias-primas. Além disso, eles tinham uma carga mais leve de tarefas domésticas: não tinham pratos para lavar, tapetes para limpar, pisos para polir, fraldas para trocar ou contas para pagar.

A economia dos caçadores-coletores proporcionava à maioria dos indivíduos vidas mais interessantes do que a agricultura ou a indústria. Atualmente, um operário chinês sai de casa por volta das sete da manhã e atravessa ruas poluídas rumo a uma fábrica com condições precárias de trabalho, onde opera a mesma máquina, da mesma maneira, dia após dia, durante dez longas horas, voltando para casa por volta das sete da noite para lavar a louça e a roupa. Há 30 mil anos, um caçador-coletor chinês possivelmente saía do acampamento com seus companheiros às oito da manhã. Eles perambulavam pelas florestas e savanas das redondezas, colhendo cogumelos, desenterrando raízes comestíveis, capturando rãs e às vezes fugindo de tigres. No começo da tarde, estavam de volta ao acampamento para almoçar. Isso lhes deixava tempo suficiente para fofocar, contar histórias, brincar com os filhos ou simplesmente descansar na companhia uns dos outros. É claro que às vezes alguém era pego por um tigre, ou picado por uma cobra, mas por outro lado eles não precisavam lidar com acidentes de automóvel ou poluição industrial.

Em quase todos os lugares e em quase todas as épocas, a atividade caçadora-coletora fornecia a nutrição ideal. Isso dificilmente surpreende – essa foi a dieta humana durante centenas de milhares de anos, e o corpo humano estava bem adaptado a ela. Evidências de esqueletos fossilizados indicam que os antigos caçadores-coletores tinham menos tendência a passar fome ou sofrer desnutrição e em geral eram mais altos e mais saudáveis do que seus descendentes camponeses. Ao que parece, a expectativa de vida era de apenas 30 a 40 anos, mas isso se devia, em grande parte, à incidência elevada de mortalidade infantil. As crianças que sobreviviam aos perigosos primeiros anos tinham boas chances de chegar aos 60, e algumas chegavam aos 80. Entre os caçadores-coletores modernos, as mulheres de 45 anos podem esperar viver outros 20, e cerca de 5 a 8% da população tem mais de 60 anos.

O segredo do sucesso dos caçadores-coletores, que os protegia da fome e da desnutrição, era sua dieta variada. Os agricultores tendem a ingerir uma dieta muito limitada e desequilibrada. Especialmente nos tempos pré-modernos, a maior parte das calorias que alimentam uma população agrícola vinha de uma única colheita – como trigo, batata ou arroz – que carece de algumas das vitaminas, sais minerais e outros nutrientes de que os humanos necessitam. Já os antigos caçadores-coletores comiam regularmente dezenas de alimentos distintos. O camponês chinês típico comia arroz no café da manhã, arroz no almoço e arroz no jantar. Se tivesse sorte, podia esperar comer o mesmo no dia seguinte. Diferentemente, os antigos caçadores-coletores comiam dúzias de tipos diferentes de comida. Ancestral do camponês, o caçador-coletor talvez comesse bagas e cogumelos no café da manhã; algumas frutas e tartaruga no almoço; e carne de coelho com cebola selvagem no jantar. É bem provável que o menu do dia seguinte fosse completamente diferente. Essa variedade garantia que os antigos caçadores-coletores recebessem todos os nutrientes necessários.

Além disso, ao não depender de um único tipo de comida, eles eram menos propensos a sofrer na ausência de uma fonte específica de alimento. As sociedades agrícolas são arruinadas pela fome quando uma seca, um incêndio ou um terremoto devastam a colheita anual de arroz ou de batata. As sociedades caçadoras-coletoras não estavam imunes a desastres naturais e sofriam períodos de fome e privação, mas em geral eram capazes de lidar com tais calamidades mais facilmente. Se perdiam alguns de seus alimentos essenciais, podiam coletar ou caçar outras espécies, ou migrar para uma área menos afetada.

Os antigos caçadores-coletores também eram menos afetados por doenças infecciosas. A maioria das doenças infecciosas que acometeram as sociedades agrícolas e industriais (como varíola, sarampo e tuberculose) se originou em animais domésticos e passou para os humanos somente após a Revolução Industrial. Os antigos caçadores-coletores, que domesticaram apenas cachorros, estavam livres desses males. Além disso, a maioria das pessoas nas sociedades agrícolas e industriais vivia em assentamentos permanentes que eram populosos e pouco higiênicos – uma incubadora ideal para doenças. Os antigos caçadores-coletores percorriam a terra em pequenos bandos, o que não alimentava epidemias.

A dieta completa e variada, a semana de trabalho relativamente curta e a raridade de doenças infecciosas levaram muitos especialistas a definir as sociedades caçadoras-coletoras pré-agrícolas como “as sociedades afluentes originais”. Seria um erro, no entanto, idealizar a vida desses povos antigos. Embora eles tivessem uma vida melhor do que a maioria das pessoas nas sociedades agrícolas e industriais, seu mundo ainda podia ser cruel e implacável. Períodos de dificuldade e privação não eram raros, a mortalidade infantil era alta e um acidente que hoje seria pouco significativo podia facilmente se tornar uma sentença de morte. A maioria das pessoas provavelmente desfrutava da intimidade do bando, mas os desafortunados que eram alvo de hostilidade ou de zombaria dos colegas de bando decerto padeciam terrivelmente. Os caçadores-coletores modernos ocasionalmente abandonam e até matam pessoas idosas ou deficientes que não conseguem acompanhar o bando. Bebês e crianças indesejados podem ser assassinados, e há inclusive casos de religiosidade inspirados em sacrifício humano.”

Harari e o sofrimento durante a história

Yuval Harari, em "Sapiens", sobre a quantidade de sofrimento no mundo no decorrer da história:

"Há 70 mil anos o Homo sapiens ainda era um animal insignificante, cuidando da
sua própria vida em algum canto da África. Nos milênios seguintes, ele setransformou no senhor de todo o planeta e no terror do ecossistema. Hoje, estáprestes a se tornar um deus, pronto para adquirir não só a juventude eterna comotambém as capacidades divinas de criação e destruição.

Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucascoisas das quais podemos nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta,aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, fundamos impériose criamos grandes redes de comércio. Mas diminuímos a quantidade de
sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na capacidade
humana não necessariamente melhoraram o bem-estar dos sapiens comoindivíduos e geralmente causaram enorme sofrimento a outros animais."

Harari e os mitos

Na obra "Sapiens", de Yuval Harari, confesso que fiquei um pouco incomodado em como ele tratou da questão dos mitos. Ele somente fala em ficções, em coisas que não existem, e se esquece de falar do poder das narrativas, do contrato social, das promessas entre as pessoas e de uma série de lastros objetivos que são necessários para dar consistência a essas regras contratos e promessas. Por sorte fala um pouquinho do poder do jogo... Sim, ele escreve muitíssimo bem. É bastante acessível, e a leitura é muito fluida e prazerosa.

Einstein antes e depois da fama

Einstein soube aproveitar bastante da fama e da mística que criaram em torno de sua pessoa. Antes de se tornar um pop star era tido como uma pessoa trivial, no sentido do humor e da graça. Não há registro, inclusive de seus familiares, de que ele fosse alguém muito engraçado ou algo similar. Porém, depois que se tornou muito famoso, um pop star, o que não faltam são histórias muito engraçadas e fofas sobre coisas que ele falou ou fez. A fama parece ter feito muito bem a ele, para a saúde dele, e parece que até mesmo para ele como pessoa.

Einstein, com 22 anos

Einstein, com 22 anos:

"Nesse meio-tempo, em novembro de 1901, Einstein submeteu uma tentativa de tese de doutorado ao professor Alfred Kleiner, na Universidade de Zurique. A tese não sobreviveu, mas Maric disse a uma amiga que “ela trata das forças moleculares nos gases, usando diversos fenómenos conhecidos”. Einstein estava confiante. “Ele não ousaria rejeitar minha tese”, disse a respeito de Kleiner, “caso contrário, esse sujeito míope será de pouca utilidade para mim.”

Em dezembro, Kleiner nem sequer havia respondido, e Einstein começou a temer que a “frágil dignidade” do professor poderia levá-lo a se sentir constrangido por aceitar uma tese que denegria o trabalho de mestres como Drude e Boltzmann. “Se ele ousar recusar minha tese, divulgarei sua rejeição juntamente com meu artigo e farei dele um tolo”, disse Einstein. “Mas, se a aceitar, veremos o que nosso velho amigo Herr Drude tem a dizer.”"

Isaacson, W. (2007). Einstein: sua vida, seu universo. Companhia das Letras, São Paulo.

Um MBL da vida quis certa vez encher a paciência de Einstein

Um MBL da vida quis certa vez encher a paciência de Einstein:

"Enquanto Einstein se preparava para a terceira visita ao Caltech, em dezembro de 1932, teve de suportar mais uma indignidade. As manchetes sobre seu futuro cargo em Princeton haviam despertado a indignação da Corporação da Mulher Patriota, grupo antes poderoso mas agora de pouca importância formado por mulheres americanas que se autoproclamavam guardiãs contra os socialistas, pacifistas, comunistas, feministas e estrangeiros indesejáveis. Embora Einstein se enquadrasse apenas nas duas primeiras categorias, as mulheres patriotas tinham certeza de que ele se encaixava em todas elas, com a possível exceção de “feministas”.

A líder do grupo, sra. Randolph Frothingham (cujo sobrenome aristocrático, em vista desse contexto, parecia ter saído da imaginação de Charles Dickens), apresentou um memorando datilografado de dezesseis páginas ao Departamento de Estado americano detalhando razões para “que se negasse a concessão de um visto no passaporte do professor Einstein”. Tratava-se de um pacifista militante e de um comunista, e as doutrinas que ele defendia “permitiriam que a anarquia se infiltrasse sem problemas”, acusava o memorando. “Nem mesmo o próprio Stálin é membro de tantos grupos internacionais anarco-comunistas dedicados a promover essa ‘condição preliminar’ da revolução mundial e por fim a anarquia total como Albert Einstein.”"

(Em: "Einstein: sua vida, seu universo", de Walter Isaacson, 2007)

Einstein: relatividade e relativismo

Einstein ficava bastante escandalizado com a confusão de relatividade com relativismo, ao ponto de querer trocar o nome de sua teoria para a teoria da invariância.

Então, sempre que ouvir alguém fazendo alguma comparação da teoria da relatividade com algum tipo de relativismo, de que "tudo é relativo", de que a "moral é relativa", fuja para as colinas, porque não tem nada a ver uma coisa com a outra. Einstein, inclusive, não era um relativista moral. Pelo contrário...

Outro ponto que me chamou a atenção na leitura de sua biografia é que em 1921, quando ele chegou aos Estados Unidos, ficou bastante impressionado com a quantidade de pessoas, que não fazia parte do meio científico, com interesse em suas teorias, com um interesse efusivo e meio destrambelhado em ciência.

Então, em uma coletiva de imprensa, lhe fizeram essa pergunta, do que ele estava achando de todo esse interesse que as pessoas estavam manifestando, e do tratamento que ele estava tendo, porque ele estava sendo tratado como um pop star. Einstein respondeu que achava de fato esse fenômeno bastante interessante, que parecia algo "psicopatológico".

Einstein acreditava em Deus?

Como Einstein volta e meia falava em Deus, dizendo o que esse fez ou deixou de fazer, muitas pessoas afirmam que ele acreditava em Deus. Mas não é bem assim.

Einstein era um deísta. Não era teísta, como a maioria dos crentes. E também aceitava que fosse classificado como um agnóstico. Não acreditava em um Deus pessoal, que tivesse qualquer tipo de influência intencional sobre a vida humana. Para Einstein o ser humano não significava absolutamente coisa alguma para Deus. Confiram alguns trechos sobre o tema, na biografia de Einstein, escrita por Walter Isaacson (2007):

“O herói intelectual decisivo da Academia Olímpia foi Baruch Espinosa (1632-77), o filósofo judeu de Amsterdã. Sua influência foi primeiramente religiosa: Einstein aceitou seu conceito de um Deus amorfo refletido na beleza e na racionalidade comovente, bem como na unidade das leis da natureza. Mas, assim como Espinosa, Einstein não acreditava num Deus pessoal que recompensava e punia, intervindo em nossa vida cotidiana.”

“Einstein mais tarde se envolveu numa troca de ideias sobre esse tópico com um guarda-marinha das forças navais americanas a quem não conhecia pessoalmente. Era verdade, indagou o marinheiro, que Einstein fora convertido por um padre jesuíta e passara a acreditar em Deus? Absurdo, respondeu Einstein. Continuou dizendo que via a crença num Deus que era uma figura paternal como resultado de “analogias infantis”.”

“Você pode me chamar de agnóstico, mas eu não compartilho daquele espírito de cruzada do ateu profissional, cujo fervor se deve mais a um doloroso ato de libertação dos grilhões da doutrinação religiosa recebida na juventude”, explicou. “Prefiro a atitude de humildade que corresponde à debilidade da nossa compreensão intelectual da natureza e do nosso próprio ser.””

Monday, August 06, 2018

Relatividade e relativismo

Estou lendo a biografia de Einstein, e uma coisa interessante é que ele ficou bastante escandalizado com a confusão de relatividade com relativismo, ao ponto de querer trocar o nome de sua teoria para a teoria da invariância. 

Então, sempre que ouvir alguém fazendo alguma comparação da teoria da relatividade com algum tipo de relativismo, de que "tudo é relativo", de que a "moral é relativa", fuja para as colinas, porque não tem nada a ver uma coisa com a outra. Einstein, inclusive, não era um relativista moral. Pelo contrário...

Outro ponto que me chamou a atenção na leitura de sua biografia é que em 1921, quando ele chegou aos Estados Unidos, ficou bastante impressionado com a quantidade de pessoas, que não fazia parte do meio científico, com interesse em suas teorias, com um interesse efusivo e meio destrambelhado em ciência.

Então, em uma coletiva de imprensa, lhe fizeram essa pergunta, do que ele estava achando de todo esse interesse que as pessoas estavam manifestando, e do tratamento que ele estava tendo, porque ele estava sendo tratado como um pop star. Einstein respondeu que achava de fato esse fenômeno bastante interessante, que parecia algo "psicopatológico".

Saturday, January 06, 2018

"O que você tem é psicológico..."?

"O que você tem é psicológico..."

É comum ouvir isso, até mesmo de médicos. O problema, porém, é que já fizeram esse tipo de hipótese ou alegação psicologizante em relação a várias enfermidades, as quais depois se demonstraram como sendo determinadas por outros fatores. Cito alguns exemplos: tuberculose, úlceras gástricas e uma série de enfermidades relacionadas a inflamações crônicas.

Depois que descobriram o bacilo causador da tuberculose, as alegações de que era uma doença, cuja determinação era psicológica, foram para o ralo, e isso também aconteceu com as úlceras gástricas depois da descoberta do do papel da H. pylori, e isso vem acontecendo com várias enfermidades relacionadas a inflamações crônicas, agora com as descobertas recentes relacionadas à diminuição da diversidade microbiológica.

Gut Hack

Acabei de assistir a um vídeo incrível, no qual, em fevereiro de 2016, o biohacker Josiah Zayner tenta fazer um transplante de todo o seu microbioma.

O cara é PhD em biofísica, e durante um período foi pesquisador na NASA.

Assim como eu, ele vem há vários anos padecendo de problemas gastrointestinais os quais, segundo um corpo crescente de evidências científicas, podem ser eliminados, ou significativamente amenizados, com uma alteração radical do microbioma intestinal.

O primeiro passo foi encontrar um doador saudável. Escolheu um amigo que ele julgava como completamente saudável para lhe doar fezes, saliva e amostras de pele.

O segundo passo foi composto pela tentativa de esterilização total de seu organismo. Tomou antibióticos para esterilizar os intestinos e se utilizou de uma série de procedimentos bactericidas para esterilizar completamente a sua pele.

O terceiro passo foi o próprio transplante, o qual exigiu anteriormente uma preparação bastante trabalhosa, pois ele teve de transformar essas amostras de pele, saliva e fezes em amostras que se tornassem biodisponíveis para o transplante. Então teve de preparar, por exemplo, as fezes de modo adequado, em solução salina específica, na proporção adequada, em cápsulas que pudesse ingerir, e que se abrissem somente em seus intestinos.

Não tenho todos os detalhes desse autoexperimento porque assisti somente ao vídeo, no site do New York Times, que veicula uma parte de todo o documentário que foi feito a respeito, o qual inclusive também está integralmente disponível na internet, para que qualquer pessoa possa assisti-lo gratuitamente.

Esse vídeo, entretanto, mostra que esse terceiro passo, que é o da tentativa de transplante total, foi realizado durante o período de 72 horas.

O mais interessante é que os produtores desse documentário registraram as reações contrárias de diversos pesquisadores e especialistas ao que Zayner estava fazendo. Obviamente há diversos pesquisadores pelo mundo afora, que estão lidando em detalhes com esse tipo de evidência, os quais talvez não fizessem oposição ao que ele estava fazendo. Contudo, os produtores fizeram questão de registrar as reações contrárias, as quais provavelmente são de pesquisadores não familiarizados com esse campo de estudos. E nesse vídeo é possível ouvir os áudios dos depoimentos de alguns desses pesquisadores, dizendo que o que ele estava fazendo era simplesmente estúpido, pois não havia um controle adequado de variáveis, além de perigoso, pois havia sérios riscos de contaminação, de ficar seriamente doente.

Entretanto, o que esses pesquisadores talvez não soubessem é que se tratava de um biofísico, expert em técnicas de sequenciamento genético.

E então o que Zayner fez? Ele submeteu todo o seu microbioma a um sequenciamento genético, que foi realizado por um laboratório independente, antes do experimento e 8 semanas depois.

E vejam só que interessante foi o resultado. O sequenciamento genético de sua pele, depois de 8 semanas, se manteve exatamente como era originalmente. Contudo, o microbioma de seus intestinos se alterou completamente. Logo depois desse transplante fecal, e ainda 8 semanas depois, o microbioma de seus intestinos estava quase idêntico ao microbioma dos intestinos de seu amigo que lhe doou as fezes.

E, o melhor de tudo: seus sintomas gastrointestinais simplesmente desapareceram.

Ainda não li nada sobre como seu organismo vem reagindo a essas mudanças, meses após os transplantes. Mas sei que essa técnica, a do transplante fecal, tem uma história de centenas de anos na medicina chinesa.

Essa técnica inclusive foi submetida a um experimento bastante rigoroso, realizado por uma equipe numerosa de pesquisadores holandeses, cujos resultados foram publicados na mais conceituada revista científica de medicina (New England Journal) no início de 2013.

Esses resultados foram de grande impacto no meio científico, pois o transplante fecal se mostrou como definitivamente superior ao tratamento antibiótico (com vancomicina) de colite pseudomembranosa, em estágio grave, provocada por bactérias resistentes da espécie Clostridium difficile.

Para quem quiser se aprofundar nessas questões posto abaixo o link referente a esse documentário, no New York Times, assim como alguns links básicos referentes às evidências científicas desse tipo de abordagem.

Tuesday, October 17, 2017

Os defensores da cura gay querem liberdade para "pesquisar"

“Os defensores das terapias de reversão sexual alegam que têm direito à liberdade científica...”

Se querem liberdade científica que submetam seus projetos de pesquisa a conselhos de ética devidamente regulamentados. Aí, sendo aprovados, não poderão cobrar pagamentos pelas terapias propostas, pois não se cobra por tratamento experimental. Ou então façam esse tipo de tratamento fora do âmbito da Psicologia. Quem determina quais práticas psicológicas têm validade científica são a comunidade científica e o Conselho Federal de Psicologia, e não um juiz ou ações populares.

A descoberta dos endocanabinoides e sua possível dimensão

Eu já sabia, um pouco por alto, que a descoberta do sistema endocanabinoide era relativamente recente e de grande dimensão, pois esse sistema está envolvido em uma variedade de processos fisiológicos em nosso organismo: apetite, sensibilidade à dor, humor, memória e funções imunológicas.

Mas eu não sabia que esse sistema era responsável por tantas funções. O que proporcionou a descoberta desse grande sistema foi a utilização e a experimentação com uma planta, a qual conhecemos há cerca de 5 mil anos: a maconha.

Essa planta possui 483 compostos moleculares conhecidos, incluindo-se aí 66 tipos de canabinoides catalogados até o momento, os quais são uma classe de compostos químicos que atuam em receptores canabinoides, em células que alteram a liberação de neurotransmissores no cérebro. 

Esses 66 canabinoides presentes na planta possuem variados efeitos, portanto o potencial da maconha enquanto medicamento é muito grande. Eu sabia que havia potencial como medicamento, mas não sabia que a dimensão disso era bem maior do que eu imaginava, e talvez seja bem maior do que a maioria das pessoas que estão lendo esse texto pode imaginar.

Sunday, January 22, 2017

Inflamação crônica

Inflamação crônica: eis o nome da coisa que faz muita gente, mas muita gente mesmo, nas sociedades industrializadas, sofrer bastante. Bote aí na conta tudo o que é processo alérgico ou doença autoimune, só para se ter um pouco a dimensão disso.

O estado da arte, por ora, aponta para alguns fatores determinantes: dietas pró-inflamação (ricas em carboidratos simples, açúcar e comidas processadas), sedentarismo, baixos índices de vitamina D, e pouca biodiversidade, inclusive dentro de nós, principalmente em nossos intestinos.

http://inquilinosdoalem.blogspot.com.br/2016/12/doencas-inflamatorias-cronicas-e-miopia.html