Wednesday, December 29, 2021

Somos, em alguma medida, a média do que nos cerca

 Um colega escreveu assim:

"Uma coisa que fica cada vez mais clara - antes como intuição, agora reforçada por alguns estudos empíricos - é que somos, em alguma medida, a média de valores e opiniões que nos cercam."

Isso não é novidade alguma para os behavioristas radicais.

Friday, December 24, 2021

Sucesso e foco

Foco é fundamental para o sucesso. Quem se perde com muitos afazeres variados, pode mais facilmente se perder do rumo do sucesso. Já tive muito mais foco na vida. E muito mais sucesso. Porque o sucesso é desejar, o que de fato importa, e conseguir. Entrava às 8 horas na biblioteca, para estudar, e só saia às 23 horas. E tive o sucesso que almejava: não passei fome ou fiquei desempregado por mais de 6 meses. Não tomar um ferro bem grande no lombo era a minha motivação para esse nível de foco. Porque o sucesso é sobreviver e ter saúde. O resto é luxo.

Monday, December 06, 2021

Devedores compulsivos

Atuei em consultório particular durante muito tempo. Após a entrevista inicial é interessante avaliar se o caso é realmente para nós, se teria de ser encaminhado para algum outro profissional ou algum outro tipo de serviço. Porque ocorre de algumas vezes ser um caso que não teremos muitas condições de ajudar ou de sustentar. 

A questão é que não somos obrigados a aceitar, para um processo psicoterápico, qualquer paciente que aparece. Se achamos que não daremos conta, o mais ético é realmente encaminhar para outros, que terão mais condições.

Havia basicamente dois tipos de pacientes que eu evitava atender: sociopatas e devedores compulsivos.

Acho que no primeiro caso muito de vocês talvez entendam com mais facilidade os motivos da evitação. Mas quero aqui me ater ao segundo caso, o dos devedores compulsivos.

Em muitos desses casos sinto que essas pessoas fazem realmente alguns cálculos, para conseguir o que concebem como vantajoso para elas. 

São pessoas que têm o gozo de ficar devendo para outras. A dívida, principalmente aquela que for mais difícil de ser cobrada, é concebida, sentida, como uma espécie de lucro. Muitos sentem que levaram a melhor, que ganharam alguma coisa, fazendo uma dívida. É o gozo de ter algo de graça, de um modo que não pode ser chamado de roubo. É muito parecido com o prazer de ter roubado alguma coisa, porém de um modo bem mais suave e com consequências menos danosas para si.

O devedor compulsivo aproveita as mais variadas brechas para conseguir algumas coisinhas de graça, principalmente coisas pequenas, se possível, porque já conta com o comportamento resignado de seus credores.

Pode estar com o dinheiro no bolso, mas jamais paga no ato da compra. Sempre diz que vai pagar depois, ou pede para que o vendedor espere o dia em que irá cair seu salário, ou qualquer desculpa semelhante.

Você vê que o sujeito está muito longe de ser pobre ou de estar com algum problema de falta de grana. Mas ele acaba pedindo para você esperar até o mês seguinte quando, por exemplo, irá cair seu salário. Essa fala tem o cálculo de que você, vendedor ou prestador de serviços, irá se esquecer, depois de tantos dias após a venda de seu produto ou a prestação de seu serviço.

O devedor compulsivo conta constantemente com isso: com o esquecimento e o perdão de suas dívidas. E também fará de tudo para que o papel de vilão fique com qualquer pessoa que ouse cobrá-lo por alguma coisa que ele deixou de pagar.

E se você for psicoterapeuta, em alguns casos nem terá eficácia se criar uma regra de descontos para pagamentos antecipados. O devedor compulsivo não é besta. Começa pagando direitinho durante o primeiro ou os primeiros meses. Em muitos casos parece que até sabe da importância de começar direitinho, para depois se criar um vínculo, e assim tornar difícil qualquer tipo de interrupção do tratamento devido a seu comportamento impróprio.

Um modo de talvez se aceitar esse tipo de paciente, com um pouco mais de segurança (para nós terapeutas, obviamente), é encontrar uma terceira pessoa, que ficará inicialmente responsável pelo pagamento, e ir aos poucos transferindo essa responsabilidade para o próprio paciente.

Nunca procedi desse modo, porque na época em que eu atuava em consultório particular, meu trabalho ainda não era tão sistêmico e analítico-comportamental como hoje.

Talvez seja uma boa alternativa. É melhor do que colecionar calotes, algo com o qual convivi com certa frequência. Em alguns casos consegui consertar, e em outros nunca vi a cor da remuneração de meu trabalho.