(Texto que escrevi para o convite dos formandos do curso de Psicologia da Unip de 2004)
Primeiro o homem é lançado, jogado no mundo, dizem os existencialistas. Isto, embora em outro contexto, também é dito pela Biologia Evolutiva: o homem é a espécie de mamíferos que possui o nascimento mais precoce. Nascemos antes da hora. O bebê humano é o mais despreparado e frágil da natureza. E novamente a impressão que se tem é a de que somos jogados no mundo. Então não há nada mais existencial do que o desamparo de um recém-nascido? Sim e não. Sim porque sendo jogado no vazio de um mundo em que tudo lhe é estranho, e estando a experienciar tudo pela primeira vez, vive o drama existencial da ausência completa de referências, um mundo todo a ser construído. E não, porque não tem o poder de responder por nada, o mundo é anterior à sua frágil e indefesa existência.
Depois, na adolescência, o ser humano começa a perceber que o mundo de seus pais não é o mundo em si. Percebe que podem e existem vários outros mundos possíveis. Assim começa uma vida marcada por conflitos. Se não houve conflito e sonho (senão utopia), não houve adolescência e talvez hoje sejamos na verdade somente crianças crescidas. Típica falta de identidade do adolescente, seu comportamento de rebanho é justamente o que mais caracteriza a sua busca por uma identidade. Rejeita de onde veio e não questiona para onde vai.
E o adulto? Seria uma forma resolvida, uma forma estabilizada, ou papéis sociais já bem cristalizados, a adaptação social? Aquele que aprendeu onde e quando mentir? Ou aquele que pode encarnar o mínimo necessário do dinamismo da vida? Ou seja: amadureceu. Mas o que é amadurecer? Saber onde, quando e como as coisas devem ser ditas e feitas? Equivocar-se menos? Então somente fazer o que deve ser feito? Não, para ser adulto não é preciso renunciar à nossa humanidade, à nossa liberdade, à nossa criatividade, à alegria da criança que carregamos dentro de nós. Ou ser adulto está mais relacionado às responsabilidades? Ser responsável por si mesmo e pelos outros. Aliás, parece inclusive que passamos boa parte de nossa vida lutando para sermos adultos. Adulto (com “A” maiúsculo): um ideal inatingível. Tolo de quem pensa que o alcançou.
E os velhos? Não falemos nada, é mais valioso escutá-os. São as testemunhas vivas do que jamais poderemos verificar.
Primeiro o homem é lançado, jogado no mundo, dizem os existencialistas. Isto, embora em outro contexto, também é dito pela Biologia Evolutiva: o homem é a espécie de mamíferos que possui o nascimento mais precoce. Nascemos antes da hora. O bebê humano é o mais despreparado e frágil da natureza. E novamente a impressão que se tem é a de que somos jogados no mundo. Então não há nada mais existencial do que o desamparo de um recém-nascido? Sim e não. Sim porque sendo jogado no vazio de um mundo em que tudo lhe é estranho, e estando a experienciar tudo pela primeira vez, vive o drama existencial da ausência completa de referências, um mundo todo a ser construído. E não, porque não tem o poder de responder por nada, o mundo é anterior à sua frágil e indefesa existência.
Depois, na adolescência, o ser humano começa a perceber que o mundo de seus pais não é o mundo em si. Percebe que podem e existem vários outros mundos possíveis. Assim começa uma vida marcada por conflitos. Se não houve conflito e sonho (senão utopia), não houve adolescência e talvez hoje sejamos na verdade somente crianças crescidas. Típica falta de identidade do adolescente, seu comportamento de rebanho é justamente o que mais caracteriza a sua busca por uma identidade. Rejeita de onde veio e não questiona para onde vai.
E o adulto? Seria uma forma resolvida, uma forma estabilizada, ou papéis sociais já bem cristalizados, a adaptação social? Aquele que aprendeu onde e quando mentir? Ou aquele que pode encarnar o mínimo necessário do dinamismo da vida? Ou seja: amadureceu. Mas o que é amadurecer? Saber onde, quando e como as coisas devem ser ditas e feitas? Equivocar-se menos? Então somente fazer o que deve ser feito? Não, para ser adulto não é preciso renunciar à nossa humanidade, à nossa liberdade, à nossa criatividade, à alegria da criança que carregamos dentro de nós. Ou ser adulto está mais relacionado às responsabilidades? Ser responsável por si mesmo e pelos outros. Aliás, parece inclusive que passamos boa parte de nossa vida lutando para sermos adultos. Adulto (com “A” maiúsculo): um ideal inatingível. Tolo de quem pensa que o alcançou.
E os velhos? Não falemos nada, é mais valioso escutá-os. São as testemunhas vivas do que jamais poderemos verificar.
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