Friday, June 01, 2018

Sobre a procrastinação, de novo...

Tenho uma certa dificuldade para compreender o que exatamente as pessoas usualmente concebem como procrastinação.

Se estão falando do acúmulo de tarefas, às quais fazem com que a gente fique praticamente louco para realizá-las, no final do prazo, compreendo um pouco melhor.

Contudo muitas pessoas falam que estão procrastinando quando na verdade estão somente tentando se dedicar a um número muito grande de atividades ao mesmo tempo. Isso não é procrastinação. isso é dispersão, falta de foco.

E há também os casos, como mencionei na primeira postagem sobre o tema, das pessoas que na verdade estão se impondo verdadeiras torturas. E aí obviamente irão procrastinar.

E aí fico lembrando de minhas experiências pessoais, nas quais consegui chutar a bunda do que as pessoas chamam de procrastinação, conseguindo estabelecer foco. Minha dificuldade, como a de muitas pessoas, era na vida acadêmica, e o que salvou minha vida foram as boas bibliotecas que frequentei, juntamente com a garantia de refeições nos restaurantes universitários.

Eu simplesmente passava o dia todo, e muitas vezes também a noite toda, em bibliotecas muito agradáveis para desenvolver as minhas atividades de estudo e leitura. Fiz isso durante anos e simplesmente não vivenciei o que as pessoas costumam classificar como procrastinação. E não foi muito difícil não, porque uma boa biblioteca é o ambiente ideal para o mergulho nos estudos. É assim que eu sentia.

Fora o fato de que uma coisa para mim é simples: para não procrastinar é necessário gostar da tarefa e se restringir a ela. É necessário se dedicar integralmente à ela para que o foco seja garantido. Quem tenta realizar várias tarefas ao mesmo tempo geralmente se perde nessa história. Saber que não dá para abraçar o mundo é fundamental. Quem mergulha em alguma atividade abre mão de inúmeras outras.

Claro que o fato também de ter frequentado por vários anos um ambiente universitário bastante rico facilitava muito a minha tarefa, pois na USP (somente para citar o ambiente universitário mais rico que frequentei) a gente tinha de tudo, inclusive estrutura para a prática de esportes. Então na USP eu tinha tudo: as refeições que eu precisava, prática de esportes, atividades culturais e de lazer, e um lugar onde eu também fazia amigos - aliás, quase todos os meus amigos eram de lá. Enfim, a minha vida era inteiramente ali. Aquilo ali era o foco total. Sobrava pouco espaço para o que as pessoas costumam classificar como procrastinação.

E atualmente, como docente, tenho me visto em um espaço universitário e em um mundo completamente diferente. Então, o que tenho tentado desenvolver com os estudantes é um ambiente de aprendizagem colaborativa. Mas isso já é objeto para uma próxima postagem...

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