Sunday, December 12, 2004

MACARRONÊS

Não se podia acreditar que se era possível hospedar o mundo no segundo aposento mais fedido de nossa casa. Estava claro que mesmo com a dor apagada, na varanda de nossa cabeça as crianças estariam fazendo arte. Devia se ouvir música e fingir lucidez para atingir o ponto de fervura do fim de nosso instinto. Aquele, diário, pedindo urgência na libido-floresta de nosso corpo.
Água no fogo, aço a separá-los. Vida e morte no tempo da sobrevivência. Ainda poderia ser escrito o destino das últimas horas.
O vermelho seria esfaqueado, mais que esquartejado. Companheiro do que faz tempero. Vinha apimentar o que seria só trigo e água. O branco pedindo o vermelho. Defunto de um Deus, faria vulcão no erro cometido para mostrar a própria lei das compensações. Deus não mataria a festa do tempo embaralhado de nossa cabeça. Agir rápido. Agir duas vezes antes de pensar. Adulterar a loucura. Transar a lucidez.
Bolhas e fumaça na primeira entrada de nosso sucesso no futuro. Mexendo e misturando o que há de se quebrar para que entre o mar. Havia leite morno a correr pelo túnel de nosso corpo. Nadaria naquele leite com café barrento ou cascata. Foi chegando na carne o aviso da tempestade que vinha. Esqueça. O vermelho está sendo esfaqueado. E, redundante, derrete aos nossos olhos. Ferve, e até espero ser doce. Quem sabe?
Bom, está tudo tão fácil. Um feliz final será certo. Vejamos... Tudo de quente é o que ofereço na solidão de meu único e solitário morador na alma. Sem exagero, traio a insanidade e vou de encontro ao que me oferecem de alimento.
Está pronta a macarronada de domingo!

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