Fevereiro de 2017,
Ontem eu estava conversando com meu primo, Paulo Fernando Facioli Pestana, sobre alguns clássicos, algumas obras que são tidas como de grande valor para a literatura.
Mencionei a ele que tentei ler "Crime e Castigo" e "O idiota", de Dostoiévski, e que simplesmente não dei conta. Achei que tudo se desenrolava de maneira absurdamente lenta e simplesmente não tive tempo nem paciência para dar continuidade à leitura.
Ele, que já leu algumas obras de Dostoiévski e vários outros clássicos, concordou comigo quanto à dificuldade desse tipo de leitura. Fez inclusive uma analogia muito interessante com a leitura que teve de "Grande Sertão Veredas", de Guimarães Rosa.
Disse-me que no romance existe um local, no sertão, chamado Liso do Suçuarão, cuja travessia era literalmente infernal, pois se tratava do deserto absoluto do sertão, de uma espécie de deserto dentro do deserto, um buraco negro-seco que habita em algum canto de todos nós. Quando Paulo terminou de ler todo o livro se deu conta de que tinha feito a travessia do Liso do Suçuarão.
Depois me contou que tem uma amiga russa, com cerca de 70 anos de idade, e que perguntou a ela sobre a obra de Dostoiévski. Ela lhe disse que leu alguns livros de Dostoiévski, Tolstói e alguns outros clássicos russos, mas que achou todos eles chatos, cansativos e entediantes demais. Disse que somente tinha lido essas obras porque eram leitura obrigatória na escola.
Demos boas risadas com essas e outras ironias ontem, durante a tarde, assim como pudemos nos embrenhar em prosas sobre os espinhosos Lisos de Suçuarão que já atravessamos nessa vida.
Prosa boa, viajandona e fluida, meu primo. Parecia ficção científica...
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