Psicólogo tem que se envolver com o que o paciente está lhe dizendo. Tem que mergulhar de modo integral no universo do paciente. Esse envolvimento inclui um certo envolvimento emocional também. Contudo, não é o mesmo envolvimento que existe em uma amizade, pois uma amizade é uma relação simétrica e não controlada de troca, de reciprocidade.
Aí não consigo deixar de me lembrar de quando um colega, médico, me disse assim:
- Eu não me envolvo. Acho melhor não me envolver emocionalmente com meus pacientes. Porque se eu fizer isso, vou me compadecer demais e não vou dar conta de atender a todos.
É interessante porque muitas pessoas, inclusive pacientes, me perguntam sobre como dou conta, pois percebem meu envolvimento emocional. Quando posso, tento explicar que esse é meu trabalho, o qual é controlado, pois geralmente tem hora e local marcado, para começar e para terminar, que algumas vezes levo pra casa alguns sentimentos e reflexões, e que raramente as coisas extrapolam ao ponto de me desesperar ou me sentir sobrecarregado. Enfim: explico-lhes o quanto é diferente de uma amizade.
Mas para esse colega, médico, fiz questão de dar a seguinte resposta:
- Eu, pelo contrário, me envolvo. Meu trabalho é me envolver emocionalmente também. Acho que é inclusive uma boa técnica para que eu não me dessensibilize para com a dor alheia.
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