Quando a piscina de meu condomínio estava sendo aquecida a 37°C (uma temperatura muito acima do máximo de 30°C, determinados por normas sanitárias), enfrentei a resistência de uma vizinha. Na ocasião ela me disse que a temperatura deveria continuar daquele jeito, porque nenhum de seus filhos adoecia com aquilo, e que eles gostavam muito das águas quentes de Caldas Novas.
O nível de sua tentativa de argumentação era tão tosco e desonesto, que eu desisti em poucos minutos. Não fazia sentido tentar argumentar com uma pessoa que, em um debate, estava tão mal-intencionada.
Porém, dias depois, tive o azar de cruzar novamente com essa pessoa em uma situação conflituosa.
Meu prédio tem três elevadores, sendo dois sociais e um de serviço. Moro no primeiro andar, e minha bicicleta é muito pesada para que eu consiga descer pelas escadas. Então, todos dias, desço pelo elevador de serviço.
Quando minha bicicleta entra no elevador, não sobra muito espaço para outras pessoas. É possível que caibam eu, a bicicleta e mais umas três pessoas. E todas ali ficarão um pouco espremidas. Não é confortável. Mas é possível.
Pedi o elevador. Ele demorou muito para chegar. E quando chegou, já estava com com quatro pessoas dentro. Não era possível que eu entrasse com minha bicicleta. Então deixei que ele fosse até o térreo, e pedi novamente.
O problema é que ele não retornou imediatamente para o meu andar. Ele possivelmente foi até o 15° andar, e talvez tenha parado em vários andares, até chegar ao meu. Porque as pessoas pedem todos os elevadores ao mesmo tempo. Elas não se conformam em somente pedir os dois elevadores sociais. Também apertam o botão do elevador de serviço, e ele também acaba (em um horário de rush) sendo muito demandado.
Após perder o primeiro elevador, esperei que ele fizesse toda a sua jornada, por todos os andares do prédio, até novamente chegar até mim, no 1° andar.
Quando ele por fim chegou, quem estava dentro?
Essa infeliz e um adolescente, que talvez fosse seu filho ou neto, não sei.
Quando ela me viu, e viu que o espaço ali ficaria reduzido, recomendou que eu não entrasse.
Eu, porém, fui entrando, e dizendo a ela que eu já tinha esperado muito tempo, e que já era o segundo elevador que eu estava aguardando.
Ela, contudo, ficou irritadíssima, e resolveu nesse dia falar o que não havia me dito no dia da discussão sobre a temperatura da piscina.
- É uma falta de respeito tremenda você entrar dentro do elevador com essa bicicleta, fazendo com que a gente fique aqui espremido! Você é mal educado!
Tentei novamente argumentar, mas com pessoas assim é praticamente em vão:
- Minha senhora, esse elevador é de serviço. É prioritariamente para cargas. Há dois outros elevadores sociais, e somente um único de serviço. Esse já é o segundo elevador que estou esperando, porque as pessoas estão usando-o para outras finalidades que não prioritariamente a de serviço.
Não teve jeito. Ela saiu repetindo, em alto e bom tom, em modo de xingamento, na área externa do prédio, para que todas as pessoas possíveis ouvissem:
- Mal educado! Mal educado!
Somente repliquei:
- Siga as regras, e teremos mais tranquilidade no convívio. Basta seguir as regras.
Como faço todos os dias, hoje novamente eu estava pedindo pelo elevador de serviço. A porta se abriu, e quem estava lá? Novamente essa senhora e o adolescente.
Dessa vez, porém, ela foi mais inteligente. Já foi logo saindo do elevador e, resmungando, se dirigiu aos elevadores sociais.
Ao invés de retrucar suas grosserias, achei melhor gratificar seu bom comportamento:
- Isso! Muito bom! Seguindo as regras! Muito obrigado, e tenha um bom dia!
Sei que meu tom, no final das contas, soou um pouco irônico. Mas não me restou muitas alternativas. E não há como ela me acusar de ironia, porque eu realmente a parabenizei, a agradeci e lhe desejei um bom dia.
É assustador pensar que boa parte dessas pessoas está hoje pensando ou planejando ter porte de arma.
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