Hoje no CAPS fizemos uma vivência com orações religiosas. Mas esta não é a vivência que eles mais gostam. A vivência que mais gostam é a vivência do choque.
Nessa vivência eles se unem, geralmente em trios, se segurando uns nos braços dos outros, de forma que se faça um contato bem grande pele a pele, e ficam simulando um choque, gritando e pulando. Para quem não entendeu ainda como é exatamente a posição em que eles ficam: é uma posição corporal em que as duas pessoas que seguram, quando estão em dupla, como se uma estivesse chacoalhando a outra.
Mas, veja bem: é irônico e muito simbólico que pacientes com transtornos mentais, pacientes psiquiátricos, tenham como a brincadeira que eles mais gostam uma brincadeira que simula que todos eles estão tomando choque.
Há um simbolismo muito forte na reforma psiquiátrica, na luta antimanicomial, em relação a choque, em função de como choques foram utilizados no passado, no contexto manicomial, por meio dos eletrochoques.
Era uma violência, uma violação, que há alguns anos, em nosso grupo de teatro, se transformou em brincadeira...
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