5 de julho de 2016,
Acho que não fui assaltado hoje em função do fato dos suspeitos não terem tido tempo hábil para avaliar precisamente como eu era fisicamente e um pouco em função de minha postura corporal. Eram três, em região visada por bandidos, vindos em minha direção – um no meio da rua, outro na calçada e um outro quase do outro lado rua. O que pude perceber é que eram mais baixos do que eu e dois deles vestiam bonés.
Saí do carro, não muito rapidamente, pois tive de pegar documentos e coisas no porta-luvas, desligar tudo o que podia (em um carro estranho, que não é meu) e achar meus chinelos, no escuro, no lugar do passageiro (sim, eu estava dirigindo descalço). Quando desci do carro, e me voltei para trás, esses três sujeitos, que apareceram de repente, vinham em minha direção.
Como já não gostei do cenário, ergui minha cabeça, inflei o peito (é ridículo, mas fiz de fato isso, inconscientemente, e só me dei conta depois), fiquei olhando fixo para o que estava mais próximo, como se fosse enfrentá-lo, e andei rapidamente (quase correndo) em direção ao outro lado da rua, sempre olhando fixamente pra ele, mas praticamente indo na direção dele. Na verdade eu tangenciei o cara. Sim, saí pela tangente. Acho que ele sentiu que eu trombaria com ele, mas saí pela tangente, em direção ao outro lado da rua, onde há, a uns vinte metros, uma quadra na qual havia umas 5 pessoas.
Passaram batido, passei batido por eles. E fui salvo por minha pose de galinho de briga e pelo tempo escasso que tiveram para poderem me analisar melhor, se é que estavam mal intencionados. Eu não reagiria, mas sinto que meu rabo também não ficaria entre as as pernas, pelo menos durante aqueles poucos segundos de olho no olho. Agi errado? Não sei. Agi sem pensar, agi para fugir o mais rápido possível daquela situação, praticamente correndo na direção dos caras, como se eu mesmo fosse atacá-los antes mesmo que me atacassem ou anunciassem qualquer coisa.
Lembrei-me de 1990, quando eu, meu irmão Cako e mais dois amigos, fomos assaltados por um arrastão às 23 horas e poucos minutos de um sábado, na Rua Barão do Amazonas, em Ribeirão Preto. Estávamos andando por essa rua, para voltarmos pra casa, depois de uma noitada de adolescentes, quando várias pessoas apareceram e vinham em nossa direção, vindas de uma esquina a uns 30 ou 50 metros distante de nós. Havia umas 20 ou 30 pessoas nesse grupo, inclusive mulheres, e creio que estavam simplesmente roubando e agredindo quem quer que cruzasse seu caminho.
Meu irmão e nossos dois amigos perceberam o risco bem antes de mim. Eu somente olhei para aquele povo e pensei que se tratava da saída de alguma festa ou igreja. Como perceberam bem antes de mim, tentaram correr e eu fiquei parado. Esses dois amigos correram, driblaram alguns meliantes, mas ambos tomaram uma travada, uma rasteira, e foram de peito no chão, um deles perdendo sua blusa de frio que estava amarrada na cintura, e não me lembro o que levaram do outro, se é que levaram alguma coisa, além de sua tranquilidade e integridade corporal.
Meu irmão também correu e eu não vi nada disso, porque fiquei cercado de carinhas tentando arrancar tudo o que eu tinha, mas acabaram levando somente meu relógio e minha carteira. Aliás, nem minha carteira levaram, porque pedi que levassem somente o dinheiro, pois eu lhes disse que tinha documentos na carteira. Então me levaram um relógio vagabundo, e feio, e o que hoje seria uns 5 ou 10 reais da carteira, a qual não continha documento algum (aha, enganei eles!).
Nossos dois amigos disseram que meu irmão foi meio doido, dando um murro na cara de um moleque, de uns 11 ou 12 anos de idade, que o ameaçava com um revólver. Segundo eles, Cako deu um murro bem dado, de nocautear o bichinho, e saiu correndo. Acho que ele também perdeu sua blusa de frio, antes atada à cintura, na correria.
Fui o único que ficou lá, feito uma múmia, parado, tentando intimidar aqueles moleques todos com meu olhar fixo e penetrante. E isso, claro, não serviu de porra nenhuma, pois me rapelaram do mesmo jeito. Mas acho que corri muito menos riscos do que meu irmão, não é verdade?
Se hoje de fato intentassem um assalto contra mim, não sei qual seria o resultado mas, feliz ou infelizmente, meu fulminante olhar 43 continuaria lá, tentando domar o submundo do crime...
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