Se você se irrita bastante com alguns sons específicos, tais como alguns sons repetitivos ou estridentes (ou mesmo com sons sutis de mastigação ou outros provindos da boca das pessoas) talvez você tenha misofonia. Porém não há ainda, e talvez nem venha existir evidências científicas de que isso é um transtorno, de que esse transtorno existe.
Contudo se você, em um ambiente silencioso, por exemplo, se sente muitíssimo irritado com alguém que está comendo alguma coisa, de boca fechada, você muito provavelmente tem essa dificuldade, a qual alguns classificam como misofonia.
E a questão é a seguinte: como vencer esse problema? Se você já percebeu que isso é um problema, parabéns! Pois desse modo já deu o primeiro passo para conseguir lidar melhor com sua dificuldade.
O primeiro passo, nesses casos, é sempre perceber que antes de tudo o problema é nosso e não dos outros. É fundamental saber distinguir em que momento alguém está invadindo nosso espaço ou se é simplesmente uma neura de nossa parte.
Se você, por exemplo, em um ambiente silencioso, se irrita bastante com alguém que está por perto, mastigando alguma coisa ou fazendo algum barulho específico, e essa pessoa não está fazendo nada que transgrida alguns padrões estabelecidos (como mastigar de boca aberta, por exemplo), a pior coisa que você pode fazer é responsabilizar essa pessoa por sua irritação.
E isso também vale para vários outros tipos de obsessões que as pessoas possam ter. A primeira grande dificuldade da maior parte dos obsessivos é não reconhecer que o problema é deles e não dos outros. Costumam se defender dizendo que são perfeccionistas, pessoas muito limpinhas, ordeiras e outras justificativas similares. Se orgulham de serem como são e são, em outros contextos de suas vidas, muito gratificadas por se comportarem dessa maneira.
Porém, na minha compreensão, perfeccionismo não é uma qualidade, é um defeito horroroso que raramente faz sofrer somente o perfeccionista.
Se somente o perfeccionista sofresse com essa sua característica, aí talvez o problema fosse bem menor. Contudo o que as pessoas geralmente classificam como sendo perfeccionismo na maioria das vezes é somente um apego excessivo a detalhes inúteis.
Muitas vezes há uma linha tênue entre trabalhos bem feitos e gente louca torturando outras em função de seus caprichos. Mas não tenho dúvida de que é muito mais comum pessoas caprichosas, doentes, e mal acostumadas, viverem torturando outras com a justificativa de que gostam das coisas bem feitas, com a justificativa de que são perfeccionistas.
E como fazer então para que a pessoa obsessiva (ou "perfeccionista") reconheça que o problema é dela? Não tem jeito, esse é um problema difícil de se contornar, que às vezes demanda um certo tempo em terapia mesmo. Mas um ponto é claro: é fundamental não se alimentar a obsessão, o "perfeccionismo".
Desse modo então terá de haver uma reestruturação muito grande da interação do obsessivo com o mundo. Uma das metas, muitas vezes, é fazer com que o obsessivo comece a conviver com pessoas que não gratificam esses seus comportamentos indesejáveis...
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