Tem gente que acha a ironia a coisa mais linda. E de fato é impressionante como o espírito da ironia pode às vezes nos provocar um certo arrebatamento em relação às experiências do belo que ele, esse espírito, proporciona. Meu doutorado foi sobre isso, sobre o espírito da ironia. E eu, durante um bom tempo, fui considerado por muitos de meus conhecidos como uma pessoa extremamente irônica, e até admirado em função disso. Mas conquistei muitos inimigos com minhas ironias. Que belezura! Que alegria! E hoje é somente mesmo autoironia. Porque não existe ironia sem autoironia. Então continuo irônico. Não tanto quanto na época em que mergulhei nessa história, inclusive para poder fazer meu doutorado. É que mesmo quando me autoironizo, mesmo assim, em muitos casos, conquisto inimigos. Porque quando a pessoa está muito irritada, até mesmo a autoironia ela entende como ironia em relação a ela. Diante de violência e opressão, e pólvora pra todo lado, ironia é fósforo riscado no chão.
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