O autoengano, o mentir para si mesmo, é uma impossibilidade lógica. Porque para mentir é preciso que uma das partes não saiba o que está acontecendo.
Isso então não seria possível, porque uma parte de si mesmo teria de saber exatamente o que está acontecendo, e calculadamente criar uma outra versão, a versão mentirosa; enquanto outra parte de si mesmo teria de ser a parte enganada, e essa parte enganada no final das contas teria de ser a totalidade de si mesmo a repousar no engano, na ignorância.
Contudo penso que é bastante plausível a existência de mentirosos que durante todo o processo de construção de suas mentiras vão aos poucos forjando falsas memórias, e se esquecendo das versões originais, verdadeiras.
Assim, em todo o processo histórico de construção de suas mentiras, penso que um mentiroso pode aos poucos ir construindo uma espécie de autoengano.
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