Em seu livro "Life you can save" há um trecho em que Peter Singer deixa claro que para ele o relativismo moral é uma concepção equivocada. Menciona que muitas pessoas costumam relativizar o que é uma ação boa ou ruim até o momento em que testemunham alguém colocando as patas de um gato numa chapa fervendo.
Peter Singer é um defensor de que existe sim a possibilidade de formularmos algumas propostas éticas que são mais objetivas do que outras. Quando falamos em objetividade talvez não seja bom colocar as coisas em termos de tudo ou nada, porque a busca pela objetividade é uma luta constante.
A possibilidade de progresso moral existe, e é exatamente por isso que existem a Ética e a Bioética. Para os utilitaristas, como Peter Singer, o mal existe, e seu componente mais claramente objetivo é o sofrimento.
Algumas pessoas afirmam que o sofrimento é de ordem subjetiva e portanto não mensurável: não existe uma escala para se medir quem está sofrendo mais, ou menos, ou coisa similar. Isso porém não é de todo verdade. Há, por exemplo, dores mais ou menos intensas, e isso pode ser aferido por medidas objetivas: pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória são algumas delas.
Faz um pouco mais de sentido falarmos em relativismo moral quando nos referimos a questões antropológicas, pois concepções de bem e mal variam de um contexto sócio-histórico-cultural para outro. Contudo não há como negar que alguns contextos geram mais sofrimento do que outros.
Ao concentrar seus argumentos nos conceitos de senciência, consciência reflexiva, interesse vital e autonomia, filósofos como Peter Singer estão justamente chamando a atenção para o que há de mais objetivo, se quisermos traçar reflexões de cunho moral.
O primeiro imperativo moral então é a diminuição do sofrimento no mundo, e isso se estende para todos os seres vivos que sofrem (os seres sencientes). A partir desse ponto fundamental é importante respeitar o interesse vital de cada ser senciente, segundo suas capacidades perceptivas, intelectivas e sociais, o qual irá implicar no manejo de conceitos tais como o conceito de autonomia e o conceito de consciência reflexiva.
Eu poderia continuar, e aprofundar, mas já fiz isso em outros dois textos. Se tiver interesse, estão nos links abaixo:
O direito de viver, matar e morrer no pensamento de Peter Singer:
Ética e sofrimento:
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