Obviamente que não puno, mas também não gratifico expressão de imaturidade. Tento puxar a conversa para outros pontos, mais sólidos, realistas ou práticos. Sei que nem sempre é possível trabalhar diretamente ou rapidamente com a realidade. Mas não deixo de fazer aproximações sucessivas à realidade, por mais dura que seja. Porque uma hora a pessoa terá de saber como as coisas são, sem distorções e sem mentiras. Porque isso faz parte do processo de amadurecimento. Porque é necessário crescer, se fortalecer e amadurecer.
A imensa maioria de meus pacientes é cristã. Em circunstâncias extremas, quando possível, gratifico expressões como “Seja o que Deus quiser; seja feita a vontade de Deus”; mas não gratifico “Para Deus nada é impossível”.
Na vida há mais probabilidades do que certezas. Viver é geralmente navegar por oceanos de incertezas, e tentar compreender o que é mais ou menos provável. Não trabalho com o que é possível mas improvável. Se é muito improvável, saio fora, desisto e parto pra outra. Procuro não me focar no que não depende de mim. Valorizo muito mais o desapego do que a fé. Penso que é muito mais maduro e sólido, sereno, do que a fé.
Há também desapego no cristianismo. Expressões como “Seja o que Deus quiser; seja feita a vontade de Deus” deixam isso claro. Reforço o uso e a meditação sobre essas expressões de desapego em meus pacientes. Não para que se acomodem, mas para que compreendam que há coisas mais prováveis e outras menos ou bem pouco prováveis. As primeiras merecem nossa atenção e esforço. As últimas não.
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