A presidente Dilma deu uma entrevista, publicada em 07/07/2015 na Folha de São Paulo. Disse que não vai cair, que não está com medo, que não está aterrorizada, e que esse período turbulento pra ela é moleza em comparação com o que já sofreu durante a ditadura militar, quando foi torturada. Há boatos de que ela teria tentado o suicídio. Ela nega:
“Outro dia postaram que eu tinha tentado suicídio, que estava traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e torturada. Vivemos numa democracia. Não dá para achar que isso aqui seja uma tortura. Não é”, disse. “Eu não quis me suicidar na hora em que eles estavam querendo me matar [na prisão, durante a ditadura militar]! A troco de quê vou querer me suicidar agora? É absolutamente desproporcional.”
Nos primeiros 30 minutos da entrevista com Jô Soares deixou claro que a melhor forma de se lidar com os discursos que estão circulando hoje, até mesmo alguns mais autoritários, é a via democrática, é deixar que as pessoas falem.
Obviamente não existe liberdade absoluta de expressão. Ameaças de morte, calúnia e incitação ao ódio são os casos mais exemplares de crimes referentes ao discurso. Podem causar muitos danos, e em muitas situações até mesmo difamação e injúria também podem levar a efeitos similares.
Pelo que estou acompanhando, acredito que ela esteja de fato menos abalada do que muitos estão imaginando. Muitos criticam, dizendo que o governo não está reagindo a uma possível ascensão do fascismo no país, que o governo está meio autista. Alguns chegam a ser afirmar que os ovos já quebraram, em analogia ao "ovo da serpente", a metáfora que simbolizava o nascimento do fascismo na Alemanha, na década de 20.
Os mais exaltados com esse tipo de possibilidade que me perdoem, mas não consigo acreditar nesse tipo de afirmação. Se assim fosse, os americanos já teriam sido engolidos pelo fascismo há muito tempo ou por diversas vezes, pois a história de sua democracia está recheada de ameaças similares ou até mesmo de maior magnitude do que as observadas em nosso país. Essa fratura social da qual estamos padecendo hoje é a própria realidade deles, desde sempre. E em um determinado aspecto eles são exemplares: o respeito pela liberdade de expressão. Discurso se trata com mais discurso. O remédio para discursos inflamados é o debate e não a tentativa de silenciamento.
Percebo nas falas de Dilma que para ela isso é muito claro. Espero que isso esteja claro também para seus apoiadores. Não faz o menor sentido tentar silenciar quem está protestando, expressando o que pensa, mesmo que isso se dê com humor de mau gosto ou com pedidos para o retorno da ditadura. Não se previne fascismos de direita, se antecipando a estes com atos fascistas de esquerda. Isso é contrassenso.
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