Na volta do trabalho, eu vinha pedalando em minha velocidade normal, de cruzeiro. Havia um rapaz, em uma mountain bike, a uns 100 ou 200 metros de mim, que pedalava vagarosamente, em ritmo de passeio.
Bastou
eu ultrapassá-lo para ele alterar totalmente seu comportamento. Olhei pelo
retrovisor e agora ele pedalava frenético, completamente louco. Tivemos de
passar por dentro de um posto de gasolina e havia alguns meio-fios a serem
transpostos. Como ele estava de mountain bike, passou por cima de tudo como se
não houvesse obstáculo algum, e eu tive de frear e fazer alguns desvios.
Isso
fez com que ele me ultrapassasse e ficasse a uns 100 metros à minha frente. Ele
pedalava de modo insano. Tinha muito mais giro do que eu. Mas era instável.
Pedalava demais e se cansava. Depois pedalava de modo frenético novamente, e se
cansava novamente.
Como
estávamos na descida, esse contexto era mais favorável para seu tipo de
bicicleta. Mas depois adentramos uma reta de quase 1 km, e isso foi suficiente
para que eu pacientemente conseguisse me aproximar dele, ultrapassando-o
novamente.
Bateu-lhe
um desespero que vexatoriamente o despiu das migalhas de compostura que ainda
tinha. Tentou cortar caminho pelo meio do mato, e por pouco não se esborrachou
no chão, porque havia pedras e galhos como obstáculos. Ele tinha uma mountain
bike, mas aquilo não é um helicóptero, não sai voando por cima das coisas.
Para
sua infelicidade mesmo assim não conseguiu me ultrapassar. Consegui olhar para
seu rosto. Sua expressão era de angústia, de desolação. Olhei para o
retrovisor, e sinceramente não entendi o que ocorreu. Ele simplesmente
desapareceu. Coisa de Arquivo-X.
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