E imaginar que há 25 anos, se eu tivesse escolhido continuar trabalhando no laboratório de ergonomia cognitiva, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, da USP de Ribeirão Preto, hoje minha vida seria muito diferente. Ou se, há 30 anos, eu não tivesse deixado de responder a algumas questões de história, na Fuvest, teria então sido aprovado para o curso de jornalismo, também na USP (naquele ano chamaram 51 candidatos; fui o 53º). Mas, convenhamos, as maiores tendências, ao se vislumbrar todo o espectro, nem eram essas. A vida somente se entortou para o lado dos estudos devido aos traumas de minha mãe. Sem esses traumas, estaríamos mais voltados para as influências de meu pai, que sonhava com os filhos como militares na força aérea ou mecânicos gerais, de bicicletas, motos, automóveis ou aviões. Um simples movimento diferente na vida acarreta inúmeras mudanças adiante. Somos mais obra do acaso. Até mesmo a força de alguém ferido, a entortar e desviar tendências, é obra do acaso. E assim se explica o trauma de minha mãe, de ter sido muito pobre, de ter passado por inúmeras privações, e eu aqui agora escrevendo esse pequeno texto de memórias.
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