Thursday, May 28, 2015

A coisa mais importante na vida de um ser humano

Cada vez mais me convenço de que é a coisa mais importante na vida de um ser humano são outros seres humanos.
Há uma distinção entre solidão e isolamento que talvez seja interessante de ser feita. Fundamentalmente todos somos sós. O fato de ninguém poder viver por nós (e ninguém pode viver exatamente o que vivemos, seja no prazer ou na dor), de existir a individualidade, define uma solidão fundamental da qual não há como fugir. Por existir a individualidade, somos todos então inevitavelmente sós. Desse modo é portanto possível traçar uma distinção para com o isolamento, o qual teria um caráter mais evitável.
Mas a minha questão principal é a seguinte: quem são, como são os sobreviventes do completo isolamento social?
Sabemos que na infância, principalmente dos 0 aos 7 anos de idade, o completo isolamento social provoca danos imensos ao desenvolvimento humano. Existem períodos críticos, janelas de desenvolvimento. Se a criança não adquirir uma determinada habilidade em um determinado período específico, muito dificilmente irá adquiri-la depois. O caso da linguagem costuma ser emblemático. Criança que não aprende a falar até os 5 anos de idade, dificilmente será capaz de adquirir essa habilidade posteriormente.
Na idade adulta, o completo isolamento social precisa de algumas estratégias eficazes de compensação, senão a tendência é desembocar na loucura.

Portanto, a minha compreensão é que crianças não escapam sem dano do completo isolamento social. E os adultos que escapam só o fazem porque na verdade não estavam tão isolados assim. Psicologicamente sobrevivem pelas artimanhas de algumas formas de solilóquio ou obras de arte, os quais continuam de certo modo produzindo a trama das interações sociais.

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