Eu conversava com uma colega, no CAPS, que me perguntava detalhes sobre uma técnica de laboratório de análises clínicas. Ela queria saber mais especificamente como era a técnica Harada Mori. Essa técnica implica na coleta de uma amostra de fezes e sua parcial diluição em água destilada, formando-se assim um creme, como se fosse uma espécie de milk shake de fezes.
Um paciente estava perto, ouviu o que eu falava e saiu imediatamente do recinto, correndo em direção ao jardim, para vomitar.
Pensei: "não é possível. Ele deve estar somente emitindo aqueles reflexos de vômito".
Para minha surpresa, quando cheguei perto vi que estava de fato vomitando.
Pedi-lhe desculpas e deixei claro que a partir de então eu iria sempre tomar o máximo de cuidado para verificar se ele não estava por perto quando o assunto se remetesse a algo parecido, para que não tivéssemos mais um infortúnio como esse.
Para uma pessoa que está severamente adoecida os cuidados devem ser redobrados. Para outras pessoas, que simplesmente exigem que existam alertas de gatilho para quase todo e qualquer tipo de assunto, penso que elas também devem ser informadas de que precisam sim ir enfrentando, aos poucos, o que elas estão caracterizando como gatilhos. Porque a cultura do gatilho é extremamente enfraquecedora e adoecedora. Quanto mais nos esquivamos e nos protegemos daquilo que consideramos como gatilhos, mais fracos nos tornamos para o que nos é aversivo.
Superproteção é uma coisa enfraquecedora. Superproteção institucionalizada é algo desastroso.
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