Às vezes, quando me bate a angústia da finitude, apelo para a lembrança de que antes de nascer ou de ser concebido, eu simplesmente não existia. Ou seja, o “lugar” “para onde vamos quando morremos” é o mesmo de antes de nascer. Já fomos “mortos” antes de nascermos e voltaremos a sê-lo em breve. A regra é não existir. Existir é exceção.
Porém, mesmo assim, ainda bate às vezes aquela angústia e o apego a continuar aqui, como se sempre estivéssemos aqui e que assim deveria suceder o que, na verdade, mais traduz uma ilusão do que a realidade de existir.
Mas sei bem qual é meu antídoto para essa angústia, por vezes, na verdade, até muito tola: a narcose. Quando sinto muito sono ou torpor, quero mais é dormir e desaparecer na imensidão. Desejo imenso de desvanecer, de deixar de existir, de partir para o nada.
Sei bem quando faço as pazes com a finitude. E se um dia chegar a hora, e eu puder me despedir, será uma partida prazerosa, triunfante, que brinda a própria existência e o universo.
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