As redes sociais podem produzir adoecimento das mais diversas formas. Porém é curioso como algumas pessoas adoecem e, adoecidas, se transformam em celebridades ou subcelebridades.
Há um sujeito (seu codinome é Blueuzão) que chegou a comer fezes para continuar tendo projeção nas redes. E uma das coisas que ele mais fala em seus vídeos é que o YouTube está adoecendo-o.
Conheço outros sujeitos que vivem se vitimizando, e são assim constantemente gratificados. Porque boa parte dos comentários são de condolências para comportamentos que são nitidamente patológicos.
E muitos estão adoecidos e abandonados, inclusive pelo público que antes gratificava seu comportamento doentio. Porém agora não gratificam mais. Pois se deram conta de que estavam reforçando um comportamento destrutivo.
O problema é que após a cessação das gratificações (a extinção) há uma tendência de acentuação de algumas respostas. Uma pessoa agressiva (após a perda de suas usuais gratificações) pode, por exemplo, passar a ter comportamentos ainda mais agressivos e destrutivos.
O experimento de Azrin, Hutchinson e Hake, de 1966 (apud Moreira e Medeiros, 2019), é clássico em demonstrar esse tipo de evento. Um pombo teve suas gratificações extintas, e assim passou a agredir intensamente um outro, com o qual cohabitava.
A extinção das gratificações tende a produzir variação comportamental. Mas isso não quer dizer que essa variação aconteça primeiramente na topografia do comportamento. Fora o fato de que existem evidências de que a própria extinção tende, em muitos casos, em um primeiro momento, a intensificar os próprios comportamentos que eram antes gratificados.
Então a extinção das gratificações não resolve imediatamente o problema dessas pessoas, e pode inclusive, em curto prazo, agravar um pouco seu quadro. Estão com a vida bagunçada, abandonadas e com tendência a piorar por um certo tempo.
Referência:
Moreira, M. B. & Medeiros, C. A. (2019). Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed.
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