Uma vez, no CAPS, em meu grupo terapêutico, uma paciente, depois de falar que gostava muito de ir à igreja, começou, praticamente do nada, a se comportar como se estivesse possuída pelo demônio. Muitos dos presentes ficaram assustados, mas eu fiquei muito tranquilamente sereno. Um outro paciente se levantou, e começou a fazer o exorcismo. Eu me levantei, e fui ao banheiro. Aproveitei também para beber uma água, e resolver algumas burocracias de alguns outros pacientes que ali estavam, e que precisavam de minha ajuda. Essa paciente, que estava "possuída", já estava bem amparada pelo colega que fazia o exorcismo. Uma paciente veio até mim, assustada, e me perguntou o que estava acontecendo com a "possuída". Como o ambiente estava muito atribulado, respondi o que primeiramente me veio à cabeça. Respondi-lhe que a "possuída" estava tendo um comportamento pentecostal. Depois me dei conta de que existe um termo técnico mais adequado e preciso. A "possuída" teve uma crise dissociativa. E os pacientes ficaram muito curiosos em saber o que era uma crise dissociativa. E eu somente conseguia pensar na seguinte palavra: pseudolouca. Foram-se todos embora. A "possuída" se despediu de mim de modo bastante sereno, como se nada tivesse acontecido.
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