Meu último vídeo tem o seguinte título:
“O direito de viver, matar e morrer no pensamento de Peter Singer”
Eis o link para o mesmo:
E hoje resolvi debater um pouco com um interlocutor (o qual chamarei de Jair) que faz perguntas bastantes comuns, que muitas pessoas fazem, as quais merecem talvez algumas respostas mais diretas. Transcrevo abaixo, então, esse pequeno debate:
Jair (em comentário ao vídeo): Falácia do apelo a autoridade kkkkk
Adriano: Por quê?
Jair: vc quer passar um escritor como verdade absoluta, a questão do aborto é tão simples de resolver. Pergunte para as crianças abandonadas se elas preferiam não ter nascido, ensine as mulheres a usar métodos ANTICONCEPCIONAIS. Apelar para o assassinato de seres inocente é ridículo.
Adriano: Primeiramente, esse vídeo nem trata da questão do aborto. Porém, acho que vale pena responder, mesmo assim.
Penso que seria uma falácia de apelo à autoridade se eu simplesmente afirmasse que o aborto deve ser legalizado porque segundo Peter Singer isso é correto e ponto final. Se eu não tivesse construído nenhum tipo de argumento, se eu não tivesse feito nenhum tipo de justificativa e somente tentasse levar o leitor acreditar que isso ou aquilo é certo ou errado porque alguma autoridade disse, isso sim seria apelo à autoridade. E não foi isso o que ocorreu.
Eu simplesmente faço a citação de Peter Singer porque não posso sair por aí esbanjando argumentos dos outros como se fossem meus. Somente estou citando a fonte. Isso é uma obrigação moral também. Sair por aí esbanjando uma série de ideias que não são minhas, como se fossem minhas, é plágio. Isso não somente é antiético como é crime. Me perdoe, mas eu acho que você está confundindo a obrigação moral e ética de citar fontes com apelos à autoridade.
Jair: é uma questão de matar ou não um ser humano, por mais que vc negue que um feto é um ser humano os fatos dizem o contrário. E outra, com a legalização do aborto há um perigo real de aumentar os casos de DSTs. É um absurdo legalizar assassinato e burrice no que diz respeito a controle de DSTs.
Adriano: Você disse que eu nego que o feto é um ser humano. Isso também não é verdade. Em nenhum momento eu afirmei isso. Se a legalização do aborto é um perigo real para aumentar os casos de DSTs, me explique por quê, e por favor cite as pesquisas científicas que embasam o que você está afirmando. Por que é um perigo real? Qual é o estudo experimental ou quais são as evidências epidemiológicas que sustentam essa sua afirmação? Ou isso é somente uma suposição da sua parte?
Você sugeriu que eu perguntasse para as crianças abandonadas se elas prefeririam não ter nascido. Isso me lembra muito a seguinte pergunta, a qual costumam muito frequentemente fazer aos defensores da legalização do aborto: "E se você tivesse sido abortado?". E a resposta é muito simples: se eu tivesse sido abortado, eu não estaria aqui para lamentar ou reclamar do que quer que seja.
Perguntar para uma pessoa se ela preferiria ou não ter nascido não necessariamente implicará em uma única resposta. A minha impressão é que você pressupõe que qualquer pessoa irá sempre responder do mesmo modo, que qualquer pessoa irá responder que preferia ter nascido, apesar de todas as adversidades que enfrenta em sua vida.
Mas essa sua pergunta talvez seja muito importante para nos reportarmos novamente ao pensamento de Peter Singer. Quem deveria responder a essa pergunta seria o próprio feto. E se ele não é capaz de responder a essa pergunta, quem deve respondê-la é quem tem esse feto sob sua responsabilidade, ou seja: sua mãe.
A ética proposta por Peter Singer jamais propõe que devemos matar seres humanos autônomos e com consciencia de si mesmos (ou mesmo aqueles que já foram assim algum dia), donos de sua própria vida e de seu próprio corpo. Expliquei isso muito bem explicado no vídeo, e acho que você não compreendeu.
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