Hoje
sou pele e osso de tudo o que já escrevi nessa vida...
CRÍTICA DO SENSO COMUM E PROSA - Quem quiser adquirir o livro, acesse o link do canto superior direito
Thursday, December 27, 2012
Determinismo
Se
você é uma pessoa muito diferente, a qual nasceu e foi criada em um ambiente
pobre, o mundo fará de você um esquizofrênico.
Contudo,
se você é uma pessoa muito diferente, a qual nasceu e foi criada em um ambiente
socioculturalmente rico, o mundo fará de você um artista.
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Saturday, December 22, 2012
Amizades que se foram...
Saudade dos amigos que nunca tive...
Explico melhor: dor do luto. Do luto pela perda de amigos que já não são mais amigos e que faz a gente até mesmo pensar o absurdo, talvez, de que nunca o foram...
Explico melhor: dor do luto. Do luto pela perda de amigos que já não são mais amigos e que faz a gente até mesmo pensar o absurdo, talvez, de que nunca o foram...
Honestidade e maturidade intelectual
Quando eu percebo que um intelectual ou especialista se
esquivou de uma pergunta, escondendo que não sabe (invés de assumir sua parte
de ignorância, seja lá acerca do que for), devo confessar que essa pessoa cai
um pouco no meu conceito. Isso, no meu ponto de vista, deixa transparecer um
baixo nível de maturidade intelectual.
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Friday, December 21, 2012
Os rodeios bizarros de minhas memórias
1. Antes de ser alfabetizado, a palavra sábado, para mim, em
minha memória, era um pedaço grande de carne de boi, crua, pronta pra
churrasco; além, óbvio, de eu saber que eu era um dia de nossa semana. Mas vinha
sempre associado com a imagem da carne pra churrasco.
2. Com a alfabetização, as imagens sofreram variação e
adquiriram legenda escrita.
3. Tenho mais facilidade de me lembrar de detalhes de
histórias de pacientes, se eu entrar mentalmente em algumas ruas da cidade. Deixei
muitas histórias deles ali, nas ruas da cidade, em várias esquinas e cantos
delas.
4. Para me lembrar do que fulano falou no vídeo X do YouTube,
preciso me transportar para o supermercado aqui da esquina, pertinho de casa,
pois foi caminhando por ali que pensei sobre o que esse sujeito disse de modo
mais profundo ou sensibilizado.
5. E o outro sujeito começou sua história a falar de sua internação
no hospital, mas depois falou da briga com o vizinho, da morte da bezerra e
mais um monte de coisas. Mas não teve jeito, deixei tudo isso na frente do
hospital e nas ruas que o cercam. Se eu quiser me lembrar disso tudo, em
detalhe, preciso caminhar mentalmente por essas ruas.
6. E ontem, ouvindo um outro sujeito a falar do assunto Y, não
teve jeito também: fui mentalmente até a esquina do outro lado de minha casa e
deixei a memória guardada lá. Consigo recuperá-la olhando (mentalmente) de cima
de um prédio, no qual nunca estive...
Thursday, December 20, 2012
Sunday, December 09, 2012
Saturday, November 17, 2012
Thursday, November 08, 2012
Monday, October 29, 2012
O Papa foi eutanasiado?
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Saturday, October 13, 2012
Saturday, October 06, 2012
O suicídio é um direito?
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Sunday, September 16, 2012
TESTAMENTO VITAL
Modelo de Testamento Vital, abaixo. Ainda não possui sustentação jurídica. Porém, redigi-lo e registrá-lo, ou enviá-lo por email para seus familiares, já é um começo. Basta então colocar em seu nome e registrar em cartorio ou enviar para seus familiares por email:
TESTAMENTO VITAL
Por meio deste documento, atesto que se ocorrer em minha vida a situação em que eu não possa expressar a minha vontade a respeito de tratamentos médicos a que serei submetido, desejo que esta declaração seja considerada como uma expressão formal da minha vontade, a qual foi tomada de forma consciente, responsável e livre, e que seja respeitada na qualidade de um testamento.
Portanto, eu, (nome do testador), abaixo assinado, se um dia me encontrar com alguma doença ou condição terminal (irrecuperável), e sem capacidade de comunicação, peço que eu não seja submetido a tratamentos desproporcionais ou curativos.
Peço que a obstinação terapêutica (de cura) seja interrompida e que me sejam administrados cuidados paliativos: que a principal preocupação da equipe de saúde envolvida seja o alívio de meus sofrimentos e dores (com a prescrição de analgésicos e anestésicos com a finalidade da produção de meu conforto); que não ocorra entubação ou reanimação; que a vida nestas condições e os sofrimentos decorrentes não sejam prolongados.
Peço pela abreviação de meu sofrimento, seja ela por meio de eutanásia ou ortotanásia, caso haja recursos legais para tanto; sem a retirada de hidratação ou de alimentação; porém com a administração constante de paliativos para meu conforto e eliminação do sofrimento.
A redação e registro deste testamento ocorreram depois de longas e amadurecidas reflexões. Peço a familiares e a equipe de saúde envolvida que respeitem a minha vontade e o direito que tenho sobre meu corpo e minha vida em uma circunstância tão extrema e dolorosa; que seja respeitado o meu desejo de uma morte rápida e indolor. Assim como faço questão de eximir a todos os envolvidos (familiares e equipe de saúde) de qualquer responsabilidade sobre a minha morte nessas circunstâncias.
Poema sujo - Ferreira Gullar
Gosto tanto desse poema. Neste vídeo, declamei somente sua primeira página. É surpreendente, impactante e risível. Como disse Clarice Lispector, é um poema "escandalosamente belíssimo".
Friday, July 27, 2012
Arte erótica
Algumas obras de arte desse gênero são memoráveis, principalmente narrativas literárias e filmes. Abaixo cito algumas:
1. O filmes: “Império dos sentidos”, “Atrás da porta verde” e “Zazel”.
Três clássicos. O primeiro é um clássico japonês, o qual trabalha com primor relações entre erotismo, prostituição, loucura e morte. O segundo produz um fascinante enigma do que estaria por detrás da porta verde. Depois de descoberto o enigma, há montagens nunca antes elaboradas pelo cinema, nas quais fenômenos sexuais humanos são explorados esteticamente à sua exaustão. Do terceiro não tenho muitas lembranças. Foi, por sinal, o último que assisti. Mas pouco ficou registrado em minha memória. Porém fica aí também a sugestão.
"Império dos sentidos"
"Atrás da porta verde"
Trilha sonora de altíssima qualidade e absolutamente marcante nesse filme (Atrás da porta verde)
2. A série de estórias em quadrinhos “Click”, de Milo Manara. Absolutamente surpreendente, tanto pela estória quanto pelos desenhos fabulosos, em muitas e muitas situações irremediavelmente excitantes e bizarras.
3. Os contos de Charles Bukowski e Pedro Juan Gutiérrez. Uma pena não poder aqui transcrever trechos memoráveis desses dois autores. Escrevem em primeira pessoa e é muito difícil não se envolver com suas estórias. Literatura absolutamente contagiante, excitante e repugnante ao extremo, em muitas e muitas situações também bizarras.
Devo ter esquecido de vários outros autores e obras importantes e fascinantes desse gênero. Porém, uma coisa é fato. Para todos os autores acima uma experiência é tanto mais bela e proveitosa quanto mais bizarra ela é.
Ah, fica aqui também a dica, completamente desnudada de modéstia, de um texto de minha autoria. Chama-se “Pornografia”, e está aqui no blog. Trata-se de um texto em prosa poética, a qual buscou transformar a linguagem, em si, em uma língua libidinosa própria e escancarada para os cumes da volúpia, em um sonho perfumado de expressões e metáforas secretoras da cópula do mundo, na existência suprema do sexo.
Sunday, July 08, 2012
Dizer "graças a Deus" é presunção
Acho que acabo de descobrir uma coisa aqui:
A expressão "graças a Deus" é presunçosa.
Como avaliar se foi graças a Deus ou não? Como avaliar quem foi merecedor ou não? Quem é que deve julgar se foi "graças a Deus" ou não, se não Ele próprio, Deus?
O que me fez assim deduzir foi uma postagem aqui no Facebook, onde temos a fotografia de uma celebridade agradecendo a Deus por ter tido suas orações atendidas, em seu período de internação em dos hospitais mais caros do Brasil. O texto está assim:
“Deus atende orações no Sírio-Libanês. Pena que não atende a muitas no SUS”.
“Deus atende orações no Sírio-Libanês. Pena que não atende a muitas no SUS”.
Se não compreendemos a lógica e os desígnios de Deus (como muitos dizem), porque presumimos que ele foi favorável a nós, em detrimento do outro? O nome disso não é presunção?
"Dar a outra face"?
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Wednesday, July 04, 2012
Hipnose: hiperventilando e enlouquecendo ou uma "regressão a vidas passadas"?
Éramos bons amigos . Nossa amizade era tranqüila e um pouco esculachada. Não havia nove horas entre nós . A amizade entre homens permite a coexistência pacífica de brutalidade e solidariedade . Há uma certa hostilidade lúdica alinhada a altíssimos graus de respeito e fidelidade . São casos onde a polidez e a aparência são dispensáveis . Os homens se respeitam muito mais entre si do que as mulheres . E creio que os homens se respeitam mais justamente pelo risco de sérios danos físicos ou morte . As mulheres se provocam infinitamente , pois o risco de serem seriamente feridas ou mortas por outra mulher é menor . A violência física , a criminalidade , ainda são terrenos prioritariamente masculinos . Os homens costumam resolver ou finalizar desentendimentos extremos na porrada e a dissimulação tem um papel menor do que no universo feminino .
Hugo era recém-formado em Psicologia , mas não exercia a profissão . Era aquele tipo que nunca deixaria de ser sempre um universitário . Circulava por todos o meios alternativos , devorava livros como ninguém , um rato de biblioteca . Só para se ter uma idéia , havia lido todos os títulos de Nietzsche traduzidos no Brasil. Usava óculos fundo de garrafa . Cabelos curtos , meio dentuço e magro . Sua aparência era a de um típico nerd. Porém , muitas de suas atitudes não se enquadravam em tal estereótipo . Levava uma vida , no sentido literário , de maldito . Vivia a ler os malditos . Gostava do baixo meretrício e raramente dispensava a oportunidade de se entorpecer .
Tomou tudo e continuou lendo, enquanto esperava o início de suas fabulosas visões . Contudo , ao dar seqüência à leitura , deparou-se com um dado assustador : a dose alucinógena era extremamente próxima da overdose . Minutos depois , os temíveis efeitos começaram. Tudo à sua volta se amarelou. Passou a enxergar em tons de amarelo e começou a padecer de um desesperador mal-estar : náuseas e vômitos . Além do fato de não mais poder controlar adequadamente seus movimentos e equilíbrio . Tudo se distorceu: visão , audição , equilíbrio , coordenação motora, fala . Mal conseguia articular as palavras e teve de pedir socorro . Emergiu em um pesadelo , o qual só começaria a ter fim já no hospital , tomando soro , depois de algumas horas . Falemos a verdade : culpa da revista .
Àquela época eu cursava o doutorado e dava aulas para a graduação . Hugo me via como uma espécie de modelo a ser seguido.
“Adriano, é verdade que você manja de hipnose ?”.
“É, um pouco ”.
“Teria como , uma hora dessas, você me hipnotizar ?”.
“Sim , teria”.
“Então , o que a gente faz, quando pode ser ?”.
Pensei: ele já está um pouco entorpecido. Talvez o psicotrópico que ele tomou forneça um impulso para uma indução completa .
“Faça o seguinte . Vá para o quarto , deite-se naquele colchão e faça 20 minutos de hiperventilação. Enquanto isso , eu termino aqui de assistir a novela ”.
“Ok. Ah, posso pedir uma coisa ?”.
“O quê ?”, indaguei, já meio impaciente .
“Eu gostaria de poder fazer um retorno a vidas passadas . Seria possível ?”.
“Se é isso que você deseja , podemos tentar ”.
É desta maneira que devem ser encaradas as coisas . Se existem ou não vidas passadas não é a questão . O mais importante é sempre levar em conta o repertório de crenças de quem irá se submeter à hipnose e conduzi-la em função disso. As crenças de nossos pacientes , se boas para a vida deles, devem ser respeitadas.
Hugo não tinha crença alguma, se dizia um ateu . Mas tinha curiosidades . Porém , eis aí uma contradição . Se é mesmo ateu , que história é essa de curiosidades ? Não sei, nunca conversei com ele acerca deste aspecto . Talvez fosse uma curiosidade de cunho experimental: “Não acredito, mas não custa nada testar ”. E acreditar não é saber . Não confundamos uma coisa com a outra . A crença dá sempre margem a outras possibilidades.
Às vezes eu também me sentia um idiota , repetindo comandos simples e óbvios , em tom solene e calmo , para fazer marmanjo dormir . Não me apetecia a idéia de ser o representante sacerdotal de uma mentira , de uma fraude . Mas era preciso conhecer aquilo , e eu estava disposto a utilizar as técnicas dramáticas e de oratória que fossem necessárias. Se tivesse de encarnar a postura de um padre ou pastor a conduzir seu rebanho em seus sermões escandalosos , o faria, pelo espírito experimental, pela necessidade de teste , para saber se aquilo funcionava em alguma medida . Façamos então o que fazem pastores , padres , xamãs . Tentemos reproduzir a atmosfera dos rituais que conduzem multidões ao delírio . Testemos então a hipnose .
“Você está em um túnel . É um túnel do tempo . Ele gira muito rápido e você gira junto . É um turbilhão . Sua mente está mergulhada neste turbilhão . O túnel vai girando e assim você vai retornando no tempo ”.
Pedia para que fosse retornando na idade . De vez em quando pedia para que parasse em alguma e que revivesse alguns momentos de sua vida , com a maior intensidade e realidade possíveis . Como eu não estava com muita paciência , até que chegamos bem rápido ao seu nascimento e à sua concepção . Dali em diante seria uma incógnita .
“O túnel gira cada vez mais rápido e violentamente . Tudo está extremamente caótico . Seu ser está se fragmentando em milhões de pedaços . Farei uma contagem até cinco , e no final desta contagem ocorrerá uma grande explosão . A explosão de seu próprio ser . Após esta explosão , você acordará em um outro lugar , em um outro tempo : 1...2...3...4...5. Um outro lugar , uma outra dimensão , um outro tempo ...
Disse-me que estava numa tribo , na África. Tudo o que faziam era acompanhado de música ou dança . Ainda respirava muito intensamente e tremia bastante . Como cantavam para tudo o que faziam, pedi para que começasse a cantar . Não foi capaz . Estava tão ofegante e trêmulo que era impossível a articulação de qualquer palavra . Emitia gemidos ao invés de canto . Adentrou um estado frenético de movimentação corporal descontrolada. Seu estado convulsivo foi se intensificando cada vez mais . Não parava de se debater . O caso não era mais preocupante. Era desesperador. Perdi o controle da situação , pensei. Por sorte era um grande amigo . Talvez assim os erros fossem mais facilmente perdoados.
“Vou contar até 3. E após o 3 você ficará surdo , completamente surdo , por cerca de 1 minuto .
1,2,3...Surdo , completamente surdo !”.
Deixei que o espírito de todos os xamãs da história baixassem em mim e fui enérgico com minha pobre cobaia . Ele sairia daquele infeliz estado de possessão , nem que se fosse na porrada .
Fiz sugestões no sentido de sua calma e tranqüilidade : “Conforme eu vou falando, o tempo vai passando, você vai se sentindo mais e mais relaxado e calmo . Farei uma contagem regressiva de 10 a 0. Quando chegar no 0, você dormirá”.
É recomendável que estas contagens sejam sempre feitas de modo paulatino e intercaladas por palavras-chave ou comandos : 10, relaxe, relaxe... 9, cada vez mais calmo ... 8, mais tranqüilo ...
E assim caminhamos lenta e tranqüilamente até o zero de sua loucura . Hugo agora era um bebê que dormia plenamente em sua bonança , após a tempestade de seu ser .
“Contarei até 3 e no 3 você dormirá, ao toque em sua testa ”.
Nesta hora , em que a pessoa acabou de despertar , ela ainda está totalmente suscetível à sugestão hipnótica . Basta um comando simples e imediatamente entra em hipnose . Contagem simples e rápida e toque na testa : Hugo despencou no sono . Parte 2: agora era necessária somente a sugestão de que suas mãos iriam amolecer , voltar ao normal . Feito isto , pedi para que despertasse.
Hugo abriu os olhos . Estava fraco , muito fraco . Parecia que tinha acabado de voltar de uma cirurgia ou tomado uma tremenda de uma surra . Não conversamos sobre isso , mas suspeito que ele mesmo concebia aquela experiência como um tratamento para seu espírito . Entrar em transe não era coisa nova para ele . Havia lido sobre xamanismo, psicoterapias psicodélicas, além de ter feito o uso recreativo de diversas drogas . O transe , mesmo quando infernal, era visto por ele como uma possibilidade de cura , de acesso ao indizível , aos sentimentos e visões mais genuínos .
Fiquei tão impressionado com o ocorrido que , durante seu surto , fui chamar Marina , minha namorada , para que visse tudo o que estava ocorrendo. Ela adentrou o quarto , intrigada. Afinal , de fora , ouvira gemidos de um homem e risadas descontroladas de outro vindos de um quarto escuro . Nada mais estranho e suspeito para a virilidade dos sujeitos em questão . Ela tinha acabado de sair do banho e ainda ostentava uma toalha enrolada em sua cabeça .
“Nossa , quando vi a Marina , pensei que eu estivesse no Egito”, completou.
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