“Aqui se faz e aqui se paga”. E por que seria assim? Onde está escrito que é necessariamente deste modo? Esta concepção julga que há uma justiça divina e infalível, a qual fará com que os maus, ainda nesta vida, neste plano, paguem por tudo o que fizeram de ruim.
O problema é que não faltam evidências contrárias. Ainda mais no Brasil, onde observamos de camarote o desfile da impunidade, no meio político, por exemplo. O que não falta é político corrupto, canalha, terminando seus dias com os louros do sucesso e do amor do povo. Além de não pagar nada do que roubaram, muitos ainda deixam saudades no coração de boa parte de nossa população.
Em relação à corrupção, em nosso país, aqui se fazer e aqui se pagar é exceção. Se a justiça divina está sendo feita, não é nesta vida. Então, modifiquemos, para os que acreditam na justiça divina, fica assim: aqui se faz e no além se paga. Ou: aqui se faz e aqui se dá o calote.
Esse provérbio tenta servir como uma espécie de consolo, muito vago, a depositar em uma providência divina a esperança de futura justiça para os miseráveis que dela foram destituídos. Serve muito bem para quem acredita em retribuições ou compensações transcendentais, sobrenaturais.
Há aí uma crença em justiça natural ou divina. O problema é que não existe justiça, nem bondade ou maldade na natureza. Ela simplesmente não carrega conceitos em seu ventre. A natureza simplesmente flui, acontece e pronto. Mais nada. A natureza é muda e sem juízo. Quem julga o que nela acontece somos nós, os seres humanos.
4 comments:
Esse blog é maravilhoso! *.*
Excelentes temas,
excelentes citações,
excelentes comentários!
Parabéns!
Adriano
Não li todos os seus textos, mas gostei dos que li. Adorei sua idéia de destruir os provérbio, pois é um equívoco enorme pretender calar o pensamento. A razão é para ser usada e exercitada. Mas será que me permitiria apimentar um pouco este provérbio. Acrescentando o conceito de reencarnação, ele pode tornar-se mais razoável. Sei que este assunto leva a uma questão um pouco delicada, que é a de crença pessoal, mas peço em nome da razão, que também não feche a questão.
Um abraço fraterno
Claudia
Também psicóloga, mas não tão brilhante. hehe
ô seu paulista, meio mineiro, o que o senhorito diria de "a única constante é a mudança", um provérbio budista?
e-beijo,
nanda
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