Sunday, March 09, 2008

A fidelidade

A fidelidade é um tema espinhoso, principalmente se adentra, em discussões pessoais, os seus possíveis papéis na vida amorosa. Geralmente se espera que um texto sobre a fidelidade verse somente sobre as relações amorosas, conjugais. A questão, porém, é extensa. Não diz respeito somente às relações amorosas ou afetivas. É bem anterior. Está na base de diversas relações humanas.
A fidelidade possui íntima relação com outros temas, caros a diversas áreas do conhecimento: verdade, moral, igualdade, compromisso, promessa, privacidade, caráter, memória e honestidade, por exemplo. Toca nas diferenças entre dizer e fazer e em questões como coerência, lógica e empatia.
Começarei então pela questão do compromisso e da promessa. A fidelidade, humana e não a canina, é antes de tudo fruto de uma promessa. Apesar de sermos, muitas vezes, fiéis como cães. O que está mais ligado à filiação e à irmandade, à fidelidade que nos mantém unidos à nossa família. Pois ninguém promete, explicitamente, ou legalmente, que será fiel a pai, mãe ou irmão. É simplesmente o tabu da infidelidade na família, incrustado na história da formação da humanidade, que nos mantém unidos aos nossos consangüíneos mais próximos. Ser infiel com membros da família é um tabu. A história amorosa, de trocas dentro de uma família, da própria formação do sujeito, também impede, de certo modo, que isso ocorra.
A fidelidade provém geralmente uma promessa, explícita ou implícita, a qual não implica necessariamente no ato de ser fiel. Ela pode ou não implicar em comportamentos fiéis. Assim é, muitas vezes, um compromisso, o qual pode ser exercido com amor e espontaneidade ou como um fardo.
Alguns dizem assim: “Fidelidade é algo que se dá, não que se exige”. Sim, isto ocorre, de certa forma, mas mais com pai, mãe, filhos e irmãos. E seria ingenuidade acreditar que alguém pode dar tudo e não exigir nada em troca. Em relação aos filhos, por exemplo, exigimos tacitamente que sejam nossos e não dos outros. Somos fiéis ao que é nosso. Como ser fiel ao que não me diz respeito? Pertencimento e fidelidade são entidades inseparáveis.
Somos fiéis ao que nos pertence, mas somos também fiéis, em alguns casos, ao que não nos pertence. Isto ocorre em estados de alienação ou encantamento, ilusão. A paixão é um deles. Muitos, quando estão apaixonados, são capazes de não exigir quase qualquer tipo de fidelidade. Algo, porém, precisa continuar alimentando a paixão: alguma espécie de atenção ou afeição, sexo, promessas, um vínculo qualquer, ou esta mesma ilusão de alguém insanamente apaixonado.
A fidelidade, em muitos casos, é admirável, heróica e bela, pois é uma demonstração de amor que desafia as adversidades. Como se o amor pudesse resistir a diversas intempéries da vida. É uma virtude de resistência. Ser fiel é resistir, apesar da corrosão do tempo e das mudanças ao redor. São belas e emocionantes as demonstrações de amor e fidelidade, que mantêm a união, o carinho e o cuidado, mesmo nos momentos mais difíceis, os quais são geralmente relacionados às doenças e toda espécie de miséria que pode nos acometer. Fidelidade: virtude à prova de miséria e dor. Virtude, em muitos casos, mais de doação do que de troca.
Restringi-la ao âmbito sexual, como é muito comum, é pervertê-la, reduzi-la. As promessas de exclusividade sexual, restrita aos casais, são somente um componente da fidelidade como um todo. O mesmo casal que é fiel sexualmente pode não o ser em termos afetivos. Expor um segredo, algo íntimo, com o intuito de agredir o outro é também prova de infidelidade. É o caso de pessoas que não traem, mas que tratam muito mal seus parceiros, expondo sua intimidade a situações vexatórias e humilhantes. Muitas vezes pelas costas. E somente com o objetivo de agredir, diminuir, ofender. Tramar, neste caso, seja o que for, contra alguém, é infidelidade.
Os casais, os amigos, quem se ama, combinam o que deve ficarentre nósou não. Saiu deste âmbito e, principalmente, se foi banalizado ou ridicularizado fora da relação, é traição. Cansei de ver casais que falam mal e com maldade, um do outro, para pessoas de fora da relação, por motivos mesquinhos e com o objetivo de prejudicar o parceiro. Há traição pior?
“É um palhaço, um idiota. Uma hora ele toma um na bunda quando menos esperar”.
Ouvi esse tipo de comentário, de diversas formas, mais ou menos sutis, mais ou menos agressivas. Muitas vezes nem sequer havia infidelidade sexual. E não tive outra reação a não ser a de ficar chocado e querer me afastar desse tipo de pessoa. Não era também raro o parceiro (ou parceira) chegar e ser tratado com bastante carinho, o que tornava a falsidade e a traição ainda mais evidente.
Mentira, dissimulação e fraqueza são obreiros da infidelidade. Esta é uma quebra da resistência ou da verdade (do compromisso). Fez um uma promessa, um compromisso, e não cumpriu: mentiu, traiu. Diante de uma pequena intempérie, não houve forças para se manter juntos: fraqueza, seja do amor, seja dos princípios ideológicos pró-fidelidade, ou de quem ama. Do amor ou de quem ama, pois não se resistiu a um mínimo percalço. No segundo caso, dos princípios ideológicos pró-fidelidade: ou seja, as concepções acerca do que seja fidelidade é que são exigentes demais. É aquela conversa fiada da existência do amor incondicional.
Neste sentido, este último é um conceito defeituoso, que por amor incondicional podemos compreender um amor infinito. Como continuar acompanhando, servindo e amando quem nos traiu da forma mais cruel possível? O que volta a retomar a idéia de fidelidade como uma virtude de troca, de reciprocidade: somos fiéis a quem nos é fiel, a quem cumpre o que promete. De reciprocidade, mas não necessariamente de igualdade. Porque os papéis podem ser diferentes: patrão e empregado, por exemplo, cumprem compromissos diferentes.
Fidelidade: em que ponto é virtude ou vício? Até que ponto ela pode ser compreendida como uma postura que constrói e promete o bem (virtude)? Ou uma postura que pode, na verdade, estar somente germinando e perpetuando sofrimentos (vício)?
Segundo Comte-Sponville, em seu ensaio sobre a fidelidade, no “Pequeno tratado das grandes virtudes”:
Toda virtude se opõe a dois excessos, lembraria um aristotélico: a versatilidade é um e a obstinação é outro, e a fidelidade rejeita ambos igualmente.” (p. 26)
Sendo que este autor utiliza dois termos (versatilidade e obstinação) para os quais os senso comum costuma utilizar outros: volubilidade e teimosia. Ser fiel, então, é não ser volúvel, obviamente, nem cabeça-dura. O fanatismo é o lado vicioso da fidelidade.
“A fidelidade não desculpa tudo: ser fiel ao pior é pior do que renegá-lo. Os SS juravam fidelidade a Hitler; essa fidelidade no crime era criminosa. Fidelidade ao mal é má fidelidade.”(p. 26)
A fidelidade ao mal é um mal a mais. Fidelidade aos detalhes: obsessão; às pequenas coisas: mesquinhez; ao ódio: ressentimento. Fidelidade cega à si mesmo: narcisismo; às aparências: vaidade, orgulho. E assim poderíamos, aos poucos, descobrir uma extensa seqüência de fidelidades enquanto vício.
Porém, adentremos a questão do casal, sempre tão esperada quando se fala em fidelidade. Para Comte-Sponville o que define um casal não é nem o encontro sexual, nem a coabitação, é a fidelidade. Esta promove a duração do amor pelo prolongamento da paixão que o alimenta. E isto se faz com memória e vontade. Vontade de manter-se juntos ou de manter e proteger a lembrança do que foi bom. Ser fiel, neste sentido, é não renegar o que de fato ocorreu e se sentiu. É não cuspir no prato em que comeu.
Como eu poderia jurar que sempre te amarei ou que não amarei outra pessoa? Quem pode jurar seus sentimentos? E para que, quando nãomais amor, manter a ficção, os encargos ou as exigências do amor? Mas isso não é motivo para renegar ou não reconhecer o que houve. Por que precisaríamos, para amar o presente, trair o passado? Eu juro não que sempre te amarei, mas que sempre permanecerei fiel a esse amor que vivemos.
O amor infiel não é o amor livre: é o amor esquecidiço, o amor renegado, o amor que esquece ou detesta o que amou e que, portanto, se esquece ou se detesta. Mas será isso ainda amor?
Ama-me enquanto desejares, meu amor; mas não nos esqueça”. (p. 35-36)
Segundo o autor, a razão é a fidelidade ao verdadeiro, enquanto a moral é a fidelidade à lei e ao amor. Porém, não devem ser confundidas. A moral não é verdadeira, universal, mas é válida. Diz respeito aos deveres, aos compromissos estabelecidos entre partes. Cumprir compromissos, eis a moral. Demanda vontade.
Mas o que não impede, também, de estabelecer uma certa relação entre os dois termos. Os compromissos, para serem cumpridos, devem ser sensatos, prezar por um mínimo de verdade, de realidade. Prometer o impossível é imoralidade ou tolice. Ou seja, prometer amor eterno ou é imoral ou tolo.
Neste sentido, eu diria que é possível conceber dois tipos de fidelidade: uma que é prospectiva (votada ao futuro) e outra que é retrospectiva (votada ao passado). A primeira é promessa, acordo. Demanda sensatez para criá-la, e esforço, vontade, para mantê-la. A segunda é a memória do que se viveu, do que se sentiu. Denota saúde, maturidade.
Prometer o que sabidamente não se pode cumprir é faltar com o caráter. Segundo Hegel (1993):
“O que, efetivamente, caracteriza um homem de caráter é saber designar fins que procura alcançar com um tal empenho que consideraria perdida a sua individualidade se tivesse de renunciar a eles. Com a substancialidade do fim, esta constância constitui a base daquilo a que se chama um caráter.” (p. 44).
Prometer, sem saber se pode cumprir ou não, é risco ou tolice. Diante do improvável, não é sensata a promessa de seu alcance, mas sim a do esforço em sua direção. E isto sim caracteriza a presença do caráter: o esforço, o empenho, não o sucesso. A promessa do impossível, ou mesmo do improvável, é um comportamento infiel por definição.
Um fator que facilita a fidelidade é a promessa do possível. Exigir o improvável é pedir uma mentira e, talvez, uma traição.
Na seqüência, o próximo texto versará mais precisamente sobre a fidelidade entre casais e sua dinâmica. Para tanto, serão levados em conta temas tais como as diferenças de gênero e a igualdade.
Referências
Comte-Sponville, A. (2000). Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes.

Hegel, G.W.F. (1993). Estética. Lisboa:Guimarães Editores.

Tuesday, March 04, 2008

Viagens traduzem nosso desejo pelo insólito

Estive em Londres no mês de janeiro. Fui visitar meu irmão, que mora por há 3 anos.

Antes, porém, algumas informações necessárias e interessantes: Londres é a maior cidade da Europa (população oficial: 7.512.400 habitantes, em 2006). para se ter uma idéia, a população oficial de Paris é de 2.167.994 habitantes. Londres e Nova York são hoje consideradas as duas cidades mais cosmopolitas, mais globalizadas, do mundo: “London's diverse population draws from a wide range of peoples, cultures, and religions, and over 300 different languages are spoken within the city”. De fato, basta sair às ruas e observar as pessoas interagindo, com atenção: diversas línguas, diversas etnias, aparências. É possível se sentir em contato com todo o mundo, o tempo todo.

Cerca de 60 % dos moradores de Londres é de britânicos brancos. 40% com origens estrangeiras: 180 mil gregos (eu conheci um); 100 mil italianos, cerca de 300 mil de origem polonesa, quase 100 mil de origem espanhola. 12.9% (cerca de 800 mil pessoas) são descendentes de sul-asiáticos, tais como indianos e paquistaneses, principalmente. Também cruzei com afegãos, os quais geralmente em trabalhos informais, tais como vendedores de feiras.

Indianos e paquistaneses possuem uma peculiaridade: falam um inglês engraçado e muito difícil de se entender. Parece que estão brincando, gozando na nossa cara. Aos nossos ouvidos é algo bem caricaturável. Tanto que meu sobrinho de 7 anos adorava me ouvir imitando-os. Meu irmão e minha cunhada, não sei por que razão, vêem em mim alguns traços fisionômicos de indianos. , quando eu imitava seu sotaque, a coisa toda se completava. Além de dizerem que eu conseguia imitá-los bem, de modo engraçado.

É também muito divertido ficar observando as pessoas e imaginando de que lugar do mundo seriam. Sim, porque isso faz uma diferença danada na abordagem. Sentimo-nos, obviamente, mais à vontade com nossos conterrâneos. Abordar anglo-saxão é outra história. Demanda outros códigos, outras normas de conduta. É outro approach, entende? E é interessante também, antes de revelar nossa origem, perguntar de onde parece que somos. Surge cada resposta...

Agora, o dado que mais nos interessa: cerca de 60 mil brasileiros residem em Londres. Nem é muito freqüente se alegrar ao ver brasileiros pelas ruas, porque são muitos, muitos mesmo. É comum, trivial, cruzar com nossos compatriotas. Porém, de vez em quando fica a dúvida no ar: “Será que é brasileiro? Será que não é?”. Meu irmão, sempre muito hilário, foi bem criativo. Dentro do ônibus havia um sujeito que em nada correspondia ao estereótipo do brasileiro: muito branquelo e o modo como se vestia também não facilitava. Porém, um pequeno detalhe: uma minúscula bandeira do Brasil em sua blusa. Não foi muito difícil testar e certificar-se:

Olha uma mulher pelada!”, disse Cako, em alto e bom português brasileiro, apontando para a rua.

Não deu outra, o sujeito, no ônibus, foi o único a girar seu pescoço em busca da louca que estaria nua pelas ruas. Meu irmão não se conteve e caiu na gargalhada:

Te peguei, hein, negão...”

Quebrou o gelo. O branquelo, antes muito sisudo, agora também dava suas risadas.

Outro momento também muito interessante foi na comemoração de ano novo. Eu nunca estivera antes em meio a tamanha multidão. Eram cerca de 700 mil pessoas nas imediações do London Eye, festejando e aguardando pelos fogos de artifício. E, dentre as várias possíveis, somente uma bandeira era agitada e conduzida alegremente em meio àquele povaréu: a do Brasil. Um jovem corria alegremente pra e pra com ela nos braços, alegre, orgulhoso. Se um americano fizesse isso com sua bandeira, talvez fosse vaiado ou visto como um ato arrogante.

Percebi isso tranqüilamente em Londres: pra sentir orgulho, é gostoso de dizer que se é brasileiro. O retorno é geralmente o melhor possível. Gostam muito dos brasileiros. Somos vistos como alegres, calorosos, simpáticos, pela maioria das etnias que habitam. Tive evidências disso em diversas ocasiões. Perguntavam: eu respondia. E os comentários eram geralmente assim: “Brazilian? Oh, very nice people...”. Esta palavrinha, Brazil, é meio ansiolítica. Após ouvi-la, logo se quebrava o gelo, as pessoas se abriam.

E o humor britânico, notoriamente irônico e auto-crítico, também não deixou de dar suas caras. Um inglês, solitário, em um pub, perguntou de onde era nosso grupo. Dissemos que éramos do Brazil. Quebrou o gelo, e logo soltou um very nice. Devolvi a pergunta e ele, desanimado em responder, disse queinfelizmente era inglês”. Desejou-nos boas-vindas e que ficássemos à vontade, quase humildemente pedindo para se sentar e beber conosco. Agradeci a hospitalidade e retornei à minha mesa. Mas faltou, talvez, que eu desse continuidade e perguntasse o porquê dele ter ditoinfelizmente”. Enfim, no mínimo faria bem ao meu ego de brasileiro ouvir as razões. E no máximo ele seria um golpista que beberia às custas de estrangeiros ingênuos e com baixa auto-estima em relação aos valores de seu país.

De volta ao Brasil não faltaram perguntas e mais perguntas: “E , o que você achou?”. E muitos dos que conheciam a Europa diziam: “fabuloso isto, fabuloso aquilo, você não achou...?”. Senti que grande parte das expectativas é que eu chegasse maravilhado, deslumbrado com o velho continente. As exigências eram para que eu emitisse explícitos juízos de valor. Senti como se eu tivesse de dizer que aquilo tudo é magnífico, absurdamente bom, correto, modelo de vida.

Mas, confesso, fiquei muito pouco tempo por . Eu estava fora de meu habitat. Um sentimento muito presente era o de estar à margem daquilo tudo, devido a diversas barreiras: intimidade com a língua, os gestos sutis, os costumes, e com toda aquela engrenagem na qual eu era somente um desprezível corpo estranho. Desconhecido, menos capaz (sentimento típico de novato inseguro), invisível, engasgado, gaguejante, tropeçante. Como estive a maior parte do tempo sozinho, era fácil me sentir assim. Mas me senti também, em diversos momentos, muito em paz, em minha insignificância e silêncio, ao pegar sozinho um trem de metrô, um ônibus, um trem, ou ao andar de bicicleta pelos meandros inóspitos do frio que habitou minha alma naqueles dias.

E este foi meu melhor e mais bem acertado passeio: pegar a bicicleta de meu irmão e rodar livremente pela cidade. Foi realizador. Fui, por minhas próprias pernas até o Rio Tamisa. Parei bem embaixo do Big Ben. Andei pelas ruas do centro de poder deles, as ruas de Westminster, onde se encontram o Parlamento Britânico e o Palácio de Westminster, aquele conjunto arquitetônico belíssimo que culmina no famoso Big Ben.

De bicicleta, continuei me sentindo à margem, que agora era como seu eu fosse um marginal de dentro. Era ainda um corpo estranho, mas não aquele que está sendo rejeitado, expulso. Era aquele que invadia, como uma baratinha imunda em suas peripécias noturnas pela cozinha vazia e somente sua: a ilusão de algum poder, tão necessária à vida. De bicicleta me senti mais dono de alguma coisa: de mim mesmo, pelo menos. E, mais turista. Era muito diferente de pegar o metrô e não ver a cidade que acontece na superfície.

Mas, aqui no Brasil, as pessoas queriam respostas: “Como foi ? Gostou?”. E quem tinha ido queria dividir suas impressões comigo. Para finalizar, seu eu puder resumir, transcrevo o que disse para uma prima minha, por email: sim, sim, “fiquei admirado com o nível de urbanização dos caras: é gente se locomovendo por baixo, por cima da terra, no ar, museus de tudo o que é coisa, coisas e pessoas de todos os cantos do mundo, sorry o tempo todo (como inglês gosta de dizer sorry), gestos particulares, sotaques, frio com chuva, comidas de todos os cantos do mundo, dignidade pra maioria, senão pra todos, inveja deles, ressentimento de quem nos explorou durante toda a história. E admiração, alegria de ver o quanto o brasileiro é querido mundo afora. E por foi...”

Admirei, por admirar o que é diferente e também, muitas vezes, grandioso. A experiência de estranhamento, não necessariamente ruim, estava sempre presente. Como sugerem, por exemplo, alguns filósofos: o estranhamento proporciona o espanto. E este é marcado pela sensação de estar vendo tudo pela primeira vez, o que seria, em tese, o começo ideal em direção à jornada pela verdade. A qual não encontrei ainda...