A destruição que Temer e Bolsonaro causaram na saúde mental brasileira

 A covid-19 foi uma bomba atômica na saúde mental. Mas foi aquela bomba atômica quando a terra já estava arrasada e só faltava uma bomba atômica para dar a finalizada. A saúde mental vem sendo sistematicamente destruída no Brasil desde o governo Temer, tendo a continuidade do projeto de destruição sido acentuada durante o governo Bolsonaro.  

Temer começou a repassar quase 200 milhões de reais por ano para as comunidades terapêuticas, ligadas às igrejas, e Bolsonaro manteve isso da melhor forma possível. O dinheiro que deveria ir para os CAPS passou a ir para a mão das igrejas, para lavagem de dinheiro e para a conversão religiosa. É muito dinheiro sendo investido em conversão religiosa e aumento de poder da oligarquia clerical protestante do Brasil.

Temer passou a dialogar somente com a classe médica e com os laboratórios farmacêuticos. E Bolsonaro, claro, também deu continuidade a esse projeto.

Então são quase 7 anos com esse projeto de destruição correndo nesse ritmo. E aí vem, para acabar de vez, a bomba atômica da covid-19. 

O que temos hoje são pacientes chegando ao serviço já com várias medicações, dependentes delas e desesperados por atendimentos médicos. Sendo que a base anterior era toda uma estruturação legal para que isso diminuísse cada vez mais, para que isso não ocorresse. 

Mas agora estamos enfrentando essa situação. Os pacientes chegam, juntamente com seus familiares, muito agressivos e  desesperados por um médico que altere suas medicações ou que renove logo as suas receitas. E nós não temos esse contingente todo de médicos para poder atuar nessa linha de frente, assim como também não temos cientificamente bem estabelecidos métodos de retirada de medicações. 

Profissionais de saúde fazem com que os pacientes comecem a utilizar medicações, mas não sabem retirar. Existe toda uma metodologia desenvolvida para que as pessoas comecem a tomar medicações, mas não existe uma metodologia bem desenvolvida para a retirada. 

Então, a partir do momento em que uma pessoa começa a tomar suas medicações diariamente, ela terá muita dificuldade para diminuí-las ou para voltar à vida que tinha anteriormente a isso. 

E esse não é um problema somente no Brasil. É um problema mundial: o problema da retirada das medicações.

Em um sistema corrompido pela criminosa indústria farmacêutica, pela falta de diálogo com demais profissionais de saúde e desrespeito à legislação vigente, isso fica muito mais agravado. Eis o caos que estamos vivendo atualmente.