Meu amigo secreto é um colega de trabalho. É uma pessoa sensível, e costuma se magoar comigo, quando eu, sem perceber, altero meu tom ou volume de voz, em uma ou outra de nossas reuniões de trabalho. Ele também já se chateou com algumas brincadeiras que fiz, as quais eu já havia feito como muitos outros colegas e que já fizeram também comigo.
Eu sempre achei essas brincadeiras divertidas e boas para a integração de todos lá no ambiente de trabalho. Esse colega, porém, em algumas ocasiões se chateou, e sempre foi admiravelmente capaz de tratar dessas dificuldades diretamente comigo.
Às vezes ele me convidava para uma conversa em particular, às vezes me enviava uma mensagem. E sempre conseguia expressar o que sentia, sem acusações, sem ofensas, sem indiretas em público e sem jamais deixar que sua mágoa ou ressentimento se alastrasse em conversas paralelas pelos corredores. Esse meu amigo tinha muito claro que era fundamental não fomentar o ódio, que reunir-se em grupos de pessoas para falar mal de outras podia somente piorar as interações.
Esse meu amigo secreto me ensinou muito. Com ele descobri, em vários momentos, como eu havia desrespeitado algumas pessoas ou como eu havia sido insensível em alguns contextos. Sempre me lembro dele quando sinto que preciso falar mais baixo e mais devagar, quando sinto que preciso ter mais cuidado, muito mais cuidado, com cada palavra que utilizo ao lidar com quem é mais sensível do que eu...