Edu,
meu irmão mais velho, sempre fora o mais cético. Não acreditava nem que o mar
existia. No natal de 1977, eu e Cako estávamos felizes da vida com a vinda do
Papai Noel em nossa casa - o qual na verdade era meu tio Jorge com uma barba de
algodão. E Edu não perdia a oportunidade para tentar estragar a deliciosa
mentira na qual estávamos mergulhados até o último pedaço de panetone e o
último gole de Fanta Uva:
“Isso
aí não é Papai Noel nem aqui nem na China! Olhe bem pro pé dele. Tá de
Kichute”, apontando para os tênis maltrapilhos nos pés do pobre e constrangido
“velhinho”...
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