Sempre que alguém diz que a vida é curta, sinto um cheiro de egocentrismo no ar. O ser humano, em comparação com a maioria dos animais, vive muito. Não vive pouco não.
E quem diz que é curta, assim se expressa por lamentar a finitude. A vida humana não é curta. Somente é finita.
Por outro lado, para muitas pessoas a vida na verdade é até sentida como longa. Muitos, que sentem a vida como algo extremamente sofrido e insuportável, podem até na verdade a sentirem como muito longa, como algo que deveria acabar o mais breve possível.
E outra coisa interessante é gente, que acredita em alma eterna (que na verdade é uma crença na vida eterna, convenhamos), se queixando de que a vida é curta, quase numa tentativa desesperada de blindagem dupla contra a angústia inerente à constatação da finitude. Eis a contradição: se a alma é eterna, qual é o sentido de se lamentar que esta vida é curta?
Em si a vida não é nem longa nem curta. É somente finita. O que produz juízos de valor são comparações ou o desejo de continuar vivendo.