Muitas pessoas estão inconformadas sem entender como que uma mãe acaba privilegiando um amante a um filho pequeno e indefeso. Mas se esquecem que muitas pessoas atualmente, em nosso país, estão tomadas por um enlouquecimento coletivo, baseado em ostentação de poder e força. Ela estava apaixonada por uma pessoa que ela sentia como extremamente poderosa e inatingível. Ame-o ou morra. Ame-o ou jamais faça parte do paraíso que ele promete. Ela talvez se sentisse casada com uma espécie de imperador romano, um Calígula.
Em setembro do ano passado me fiz as seguintes perguntas:
"O que é pior? Amar alguém que não tem caráter, mas é a melhor pessoa do mundo na interação conosco? Ou odiar alguém que parece ser um modelo de ser humano, mas que errou feio conosco, e nunca percebeu isso?"
E a primeira pergunta eu só consegui me fazer quando me imaginei sendo filho de Jair Bolsonaro. Agradeço muito a minha sorte de não ser filho de alguma pessoa poderosa que é como Jair Bolsonaro. Ser filho de uma pessoa sem caráter, mas que é boa conosco, deve ser muito ruim. Eis uma das piores prisões existenciais. Depender de um canalha, ou ter uma vida que te obriga a aprender a amar um canalha, deve ser horrível.
E não estou querendo, com esse pequeno texto, aliviar a barra de criminosos e seus cúmplices. Tudo indica que ela foi no mínimo cúmplice das torturas e do bárbaro assassinato de seu próprio filho pequeno e indefeso.
O que estou tentando dizer é que uma parte significativa dos brasileiros está presa a um projeto de poder que lhes é muito sedutor, do qual se sentem partícipes, e a partir disso também inatingíveis. Seu líder se vende como um escolhido por Deus, e quem compra também em boa medida se sente assim, escolhido por Deus e inatingível.
Porque se existe um ser sobrenatural absolutamente bom e onipotente, vale tudo em seu nome. Porque não existe qualquer tipo de questionamento, e está acima de qualquer julgamento. E essas pessoas estão o tempo todo falando que fazem tudo em nome de Deus.