Quando o
sofrimento chega, a vida dá uma freada brusca e tudo começa a andar devagar. Tudo
se demora e pesa e aí você é, integralmente e sem fuga, toda a dor que
vivencia. Quando essa parte mais extrema do sofrimento passa, começa uma outra,
menos aguda: a fase do eco do sofrimento passado.
E é nessa hora que o cobertor
do amor dos outros por nós exerce uma função decisiva. Se esse cobertor for
efetivo, real e acolhedor, sentiremos que, apesar de toda a dor e injustiça do
mundo, a vida vale a pena. E isso não é migalha de prazer mergulhada na sopa de
sofrimento da existência a nos iludir. É na verdade a base, muitas vezes sutil,
de uma vida feliz.