O realismo de alguns sonhos é impressionante.
Sonhei com meu irmão, morto há 15 anos, chorando muito sofridamente por compaixão à minha mãe, em 1956 – 14 anos antes dele mesmo ter nascido. E nesse ano, em 1956, ela tinha 9 anos de idade.
Tinha perdido o pai no ano anterior e trabalhava como empregada doméstica em troca somente de comida (escrava doméstica, convenhamos).
Pior, o sofrimento dele, por compaixão ao sofrimento dela, em 1956, 14 anos antes dele nascer, era maior do que o sofrimento dela aos 9 anos de idade, enfrentando o mundo sozinha e trabalhando em troca somente de comida.
E eu no sonho, com compaixão dele, faço um pouco o papel de advogado do diabo, tentando convencê-lo de que aquela criança tenha sido talvez uma criança feliz.
Isso tudo, para ser acordado, no meio da madrugada e, um minuto depois, me dar conta de que esse meu irmão, tão absurdamente presente nesse sonho, não existe mais. Se foi desse mundo, definitivamente triste e por conta própria, há 15 anos...
Anteontem ele estaria completando 43 anos de idade.
Janeiro de 2013
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