Wednesday, December 16, 2015

Meritocracia e herança

Então você defende a meritocracia, que ninguém pode ganhar nada de mão beijada, que as pessoas devem trabalhar muito para conseguirem as coisas? Então, por coerência, seja contra a instituição da herança. Afinal, qual é o mérito de se nascer em uma família rica?

Segundo Renato Janine Ribeiro:

"Jean-Jacques Servan-Schreiber, liberal francês de primeira qualidade, propôs o fim da herança. Achava errado um jovem entrar na vida com muito mais chances do que outro. Essa proposta ilumina um lado importante que o pensamento liberal pode ter: a defesa da igualdade de oportunidades.

A igualdade de resultados pode ou não acontecer. O importante é que todos tenham as mesmas chances.

Não é justa a vantagem lotérica que se chama herança. Mais até: é justo todos terem uma boa educação, uma boa saúde. Um liberalismo sério não admite a desigualdade no ponto de partida. Um liberalismo consequente exigirá até que o governo assegure a igualdade de chances. É aceitável a desigualdade, sim, mas a que resultar de minhas ações (ou omissões). Um liberal autêntico - espécie raríssima no Brasil - não gostará muito do bolsa-família, mas apoiará algum tipo de ação afirmativa, que dê oportunidades a quem não as tem.

O que o liberal não aceita é a irresponsabilidade. Cada um é responsável por seus atos. Se eu tiver oportunidades e perdê-las, não me encoste nos outros. A assistência social não é meio de vida. O liberal sério defenderá todo o apoio para que a pessoa ande com as próprias pernas. Mas, se ela não o quiser, não merece dinheiro público.

O liberalismo defende a liberdade e a responsabilidade. Conhecemos programas que buscam - entre adolescentes pobres - talentos musicais, artísticos, científicos, empresariais. Esse empenho é liberal. Vamos dar oportunidades a todos, celebrando quem ganhar um prêmio, uma olimpíada de Ciência, um título de jovem empreendedor."
http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/esfi/Edicoes/44/artigo163681-1.asp

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